No último capítulo da nossa retrospectiva, relembraremos o chamado “efeito Barradão” e o desespero no último jogo do ano. Uma coisa é diretamente ligada a outra.
O Manoel Barradas sempre foi um alçapão para os adversários. Não foi por acaso que Marcos, o goleiro pentacampeão mundial, disse que o Manchester United passaria sufoco jogando ali. Porém, o ano de 2017 foi estranho para o estádio, sobretudo no Campeonato Brasileiro.
Dos 19 jogos em seu estádio no Brasileirão, o Vitória só venceu três – dois deles aconteceram na Arena Fonte Nova. Foi o pior mandante. Várias derrotas aconteceram com o time jogando bem, como os jogos contra Avaí e Atlético-PR.
Os motivos para isso poderiam ser a falta de característica do time para propor o jogo, baixa qualidade do elenco ou simplesmente azar, mas tudo isso se somou no último jogo.
Recapitulando: o Vitória começou a rodada na 15ª colocação. Bastaria um triunfo para a permanência na Série A. Em caso de tropeço, dependeria diretamente de Avaí, Coritiba e Sport.
O Flamengo, adversário do Leão, entrou em campo com a responsabilidade de vencer o jogo para salvar o ano com a vaga na Libertadores. O Vitória entrava em campo desfalcado após a batalha no Moisés Lucarelli. David, Tréllez e Wallace estavam fora.
O Vitória abriu o placar com Carlos Eduardo no primeiro tempo. Nos outros jogos, o Avaí estava empatando com o Santos na Vila Belmiro e o Coritiba empatava com a Chapecoense por 1 a 1. Na Ilha do Retiro, o Sport terminava o primeiro tempo com um empate sem gols. Até o intervalo, tudo certo.
O segundo tempo veio e tudo virou. O Sport abriu o marcador aos 11 minutos com André. O Flamengo amassava o Vitória no ataque.
Até que aos 29, Vinicius Júnior enganou Caíque Sá e cruzou pra trás. Vaz chutou, a bola desviou em Ramon e tomou o caminho das redes. Apesar dos resultados ajudarem, o clima era de abatimento no Barradão: era a recordação de tudo que acontecera no ano naqueles últimos minutos.
Flamengo com a bola, atacando e o Vitória vivendo de espasmos na frente. A partida se encaminhava lentamente para o final, os outros jogos permaneciam iguais: Sport ganhando, Coritiba e Avaí empatando os seus jogos.
Lá pelos 48 minutos, Caíque Sá comete falta na entrada da área e é expulso. Diego pega a bola do jogo: era o craque do outro time contra toda uma torcida. Cenário épico.
O meia cobra e bola vai para fora; durante alguns segundos, a sensação foi de alívio pelo destino da redonda, mas o juiz tratou de acabar com aquele sentimento falso: Uillian Correia havia levantado o braço e cortado a trajetória da bola. Penalidade máxima assinalada aos 49.
Diego para a bola diante de um goleiro chorando e um estádio incrédulo. Era cobrar, classificar o Flamengo para a Libertadores e rebaixar o Vitória. Ele marcou.
Mas uma ajuda dos céus veio. Talvez Arthur Maia, Dener, Gil, Cleber Santana, Mário Sérgio e Caio Júnior tenham dado uma força a mais para Apodi. No mesmo instante que Diego cobrava a penalidade no Barradão, Canteros acertava um belo passe para Apodi, que tocou de cabeça para Túlio de Melo marcar.
Aquele tento salvou o Vitória do rebaixamento, rebaixou o Coritiba e colocou a Chapecoense na Libertadores via Brasileiro. Muitos torcedores não acreditaram no Barradão, outros tantos trataram de cantar o emblemático “vamo, vamo Chape”, alguns choraram.
Foi um teste para cardíaco gratuito e totalmente desnecessário. Foi a soma de tudo que aconteceu no Barradão.
Assim encerramos a nossa retrospectiva! A equipe do Arena Rubro-Negra agradece a todos pelo incentivo para manter esse trabalho vivo! SRN!
Capítulo 1: Sinval e o cofre aberto
Capítulo 2: Barco à deriva
Capítulo 3: Pior início no Brasileiro
Capítulo 4: Democracia, queda e eleição
Capítulo 5: A recuperação mágica
Capítulo 6: O efeito Barradão e o sufoco para permanecer