Poucos goleiros tiveram a glória de ser ídolos de dois clubes com tamanha distinção de espírito esportivo. No Brasil dos anos 50, que formulou o ódio direcionado para um arqueiro como Barbosa, cujo o perdão jamais conheceu, surgiu um guarda-redes alto, invencível e impávido que nem Muhammad Ali.
Leonardo Cardoso nasceu na cidade de Alagoinhas-BA, em 24/08/1930. Deu seus primeiros passos no futebol jogando pelo amador Ypiranga de Alagoinhas, como ponta, mas uma lesão que atrofiou o seu joelho o fez trilhar os passos para debaixo das traves. Vivendo em Salvador, em 1951, ele foi levado para o Vitória por meio do zagueiro Marrom. Estudante de direito, o jovem Nadinho encontrou no clube a porta de entrada para o futebol e também para um emprego na vida adulta.
Em 1953, foi o principal goleiro do Vitória na conquista do título baiano de que encerrou um jejum de 44 anos. O time que em seu fabuloso elenco tinha um ataque formado por nomes de peso como o ex-Seleção Brasileira, Quarentinha, e o máximo artilheiro rubro-negro, Juvenal, contava também com as destacadas atuações de Nadinho como goleiro. Segundo o craque goleiro, o feito não se repetiu em 1954 por conta de uma injustiça. “O campeão de 54 foi o Bahia. Nós perdemos o título por causa de um gol de mão marcado por Dedeu, do Botafogo”, disse em entrevista para a Revista Placar.
O Vitória conseguiria repetir o feito com sua presença no Campeonato Baiano de 1955, conquistado já no ano de 1956. Após seus anos de boas exibições, Nadinho foi vendido ao Bangu em uma transação em que o Leão recebeu uma quantia em dinheiro e mais dois jogadores – um em definitivo e outro por empréstimo -. Depois de longa passagem pelo Bahia, retornou ao Decano por volta de 1969 para ser reserva de Detinho. Ele chegou a defender em muitos jogos no ano de 1970 e enfim em 1971 aposentou0-se da vida futebolística para focar na profissão de advogado (de jogadores).
Nadinho descansou na última quinta-feira, 20, aos 91 anos de idade e apesar de não ter o reconhecimento devido no lado rubro-negro (ele conquistou a Taça Brasil de 1959 pelo rival), viveu – segundo fontes – como um torcedor rubro-negro nos momentos de sua velhice. Axé Nadinho!
