Baba de interior é assim: você entra em campo precisando do resultado, mas se ganhar tem que sair da cidade escondido, pois a foice e o facão esperam na saída do estádio (ou campo de várzea mesmo). A chuteira é emprestada, a camisa é furada e até o treinador é o mesmo para vários times. Essa última situação acontece de forma corriqueira no futebol profissional da Bahia. Pronto! Podemos parar aqui com a história do futebol pegado e de ‘sangue no olho’, pois não se aplica ao nosso dia a dia.
A atualidade é bem diferente. Vivemos na era dos jogadores cinderelas com sapatinhos coloridos. Sem ofensas, é claro! Mas é só olharmos as imagens da partida de ontem (23), quando o Leão foi derrotado por 2 x 0, que podem entender que isso reflete nos nossos jogadores . Hoje, no nosso futebol, a prioridade não é apenas o cabelo fashion, mas também as chuteiras têm que entrar no clima do desfile. Verde, rosa, amarela, branca, coloridinha, preta, ops! Chuteira preta era na época de André Catimba, ou nas escolas que utilizávamos o velho e bom Kichute.
O problema não seria a cor da chuteira, desde que o futebol apresentado não fosse de cor pálida e sem vibração. Talvez os nossos atletas já sintam-se no futebol europeu, onde os patrocinadores mandam os calçados personalizados. Só não me perguntem quantos jogadores do Vitória são de nível europeu e já recebem o patrocínio da Nike, Adidas ou Puma.
O torcedor que presenciou a derrota de ontem estava acostumado a reconhecer os jogadores do Leão pelo número da camisa – Esqueçam o leão! leão vive na selva e abate as suas presas com patadas ferozes e dentes afiados –, mas já mudou e ideia e começa a destacar o seu jogador preferido, se é que temos esse jogador no Vitória, pelo modelo da chuteira. A dificuldade maior seria reconhecer Alan Pinheiro que utilizou um par de chuteiras em cada tempo do jogo. Não sei estava apertada ou a cor não agradou. Talvez o seu patrocinador tenha mandado um presentinho de última hora.
Em casa, com o nosso rubro-negro baiano, podemos destacar com facilidade e identificar os personagens: O Leão ‘ainda’ é o Vitória, quem usa sapatinho colorido são os modelos (leia jogadores) e os guerreiros somos nós. Sim, guerreiros! Para aturar o “blá blá blá” dessa ineficiente diretoria. O começo do nosso presidente Carlos Falcão lembra muito a gestão inicial de Alexi Portela, quando trouxe Moré. Acho que ele anotou o passo a passo de como levar um clube à 2ª divisão. Só mudou o jogador contratado e trouxe Souza. Aproveito e mando vibrações positivas para a nossa esperança de gols nessa reta final, pois ele vai precisar bastante.
Mas prefiro encerrar aqui e não comentar muito sobre a nossa diretoria. O discurso já está alinhado e só teremos bons jogadores quando o torcedor se associar e lotar os estádios. Enquanto isso não acontece continuaremos assistindo o conto de fadas dirigido por Falcão: O Leão e os guerreiros de sapatinhos coloridos.