Clube formador de muitos atletas o Vitória acostumou-se a ser uma celeiro de craques. Especialmente na primeira metade dos anos 2000, uma safra de grandes atletas saíram da Toca para conquistar os gramados mundo afora. Entre nomes como Nadgol, Alecgol e quaisquer outros jogadores que tivessem faro pra gol, surgiu Obina. Um jogador que numa temporada de início glamuroso, teve uma ascensão meteórica pelo Leão e virou a sensação do time.
Manuel de Brito Filho nasceu no município de Vera Cruz, interior da Bahia, no dia 31 de janeiro de 1983. Aos seus 18 anos foi que o Vitória apareceu em sua vida. Ainda acostumado a bater os babas nos campos de Baiacu, distrito de sua cidade natal, ele foi visto por um olheiro rubro-negro que o levou para Salvador. Foi ali que Obina se firmou. Logo no ano de 2001 ganhou seu primeiro título com o Vitória, o Campeonato Baiano de Juvenis. Foi ali, ainda na base que Manuel virou Obina. Seu talento foi logo reconhecido e comparado ao de outro ex-jogador dos juvenis do Leão, ninguém menos que o nigeriano Eric Obinna que deixou o clube precocemente ainda na base. Num passe mágica, seu apelido passou de ‘Sadol’ a Obina, cunhado por um dos dirigentes da base rubro-negra.
Mas diferente do nigeriano, o Obina brasileiro chegou aos profissionais. Logo em 2002 foi reserva no time do Vitória comandado pelo técnico Joel Santana. Mais tarde, acabou sendo emprestado para outras equipes. Após passar pelo CRB e Fluminense de Feira, enfim em 2004, Obina teve sua chance no time principal. E não desperdiçou. No primeiro jogo do returno do Campeonato Baiano daquele ano, o jovem atacante mostrou a que veio. Diante do Atlético de Alagoinhas, no Barradão, marcou o terceiro do Vitória na vitória em 3 a 2 sob o Carcará. A prova dos nove veio logo no jogo seguinte diante do Bahia. No primeiro clássico profissional disputado pelo atacante, no sagrado solo do Santuário, o Vitória abateu o rival por 2 a 0 com um gol seu. Obina que há muito estava aparecendo em campo, subiu mais alto que o helicóptero que trouxe Edílson e Vampeta de volta ao clube naquela tarde e cabeceou no canto pra fazer o segundo tento rubro-negro no clássico.
Ao todo foram cinco gols no Campeonato Baiano. O último deles no primeiro jogo da final. Com o placar em 1 a 0 para o rival na antiga Fonte Nova, o camisa nove do Leão recebeu um passe dócil dentro da área, avançou com a bola e tocou por cima do goleiro na saída rasteira. A frieza sutil do jovem atacante deixou o jogo empatado e o Vitória venceu o jogo da volta conquistando o seu segundo tricampeonato baiano. O primeiro título profissional do atacante em sua ascensão meteórica.
Como bom fã de Ronaldo Fenômeno, Obina despontou na artilharia do Vitória. Na campanha na Copa do Brasil, não foi diferente. Novamente marcou cinco gols na segunda melhor participação do clube na competição. Um deles, na partida de ida nas oitavas-de-final contra o Internacional. Com o Vitória sofrendo o revés de 1 a 0 no Beira Rio, Obina não se intimidou com a marcação colorada dentro da área e soltou um petardo pro fundo das redes. O Leão da Barra passou de fase no Barradão e chegou depois às semifinais. Os bons ares da artilharia perduraram também no Campeonato Brasileiro.
Ao todo, foram 18 gols marcados numa campanha do Vitória que com um começo auspicioso terminou em rebaixamento. Entre tentos marcantes como um no 5 a 1 no Flamengo ou no 3 a 2 no Cruzeiro e gols de honra como no fatídico 2 a 1 para a Ponte Preta, Obina fez seu nome. O craque chorou no gramado do Barradão, mas a marca da boa temporada foi maior. Seus 28 gols fizeram gosto para a torcida rubro-negra e da ascensão, virou estrela. Aos 21 anos o atacante foi vendido pela quantia de US$ 2,5 mi para o Al-Ittihad, da Arábia Saudita.
Mais tarde, ganhou fama no Brasil jogando pelo Flamengo. Ainda teve passagens por Palmeiras, Atlético-MG e pelo Bahia. Em 2011 chegou a ser especulado no Vitória. O ex-atacante ainda chegou a declarar que desejava fazer sua partida de despedida pelo Leão da Barra. Enfim em 2018 anunciou sua aposentadoria após uma passagem no futebol japonês. O legado da artilharia ainda é lembrança dos tempos de Vitória, que entre tantas estrelas que tinha – Maestri, Edílson, Vampeta…-fez surgir mais uma.