Início Colunas Memórias do Leão Aguinaldo… o arqueiro não-vazado

Aguinaldo… o arqueiro não-vazado

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Dentre todas as posições do futebol, a de goleiro com certeza é a que mais divide opiniões. Sagrado ou profano? Herói ou vilão? Talvez, somente anti-herói. Fato é que o goleiro é capaz de virar ídolo salvando a meta num lance só. Uma única defesa pode ser o bastante pro homem da solitária posição conquistar uma legião de torcedores. No início dos anos 70, o então goleiro rubro-negro Aguinaldo notabilizou-se não por uma, mas por diversas defesas. Um resguardo impressionante, que o fez ficar mais de 800 minutos sem levar gol. Com tamanha proteção para com meta rubro-negra, chegou a machucar-se seriamente durante esse período. O memorável feito porém, foi somente algumas de suas façanhas debaixo das traves.

Aguinaldo Moreira nasceu na cidade de Santos no dia 12 de outubro de 1943. Tendo começado sua carreira em clubes da capital paulista como a Portuguesa e o Nacional, foi no Santos, no fim dos anos 60 e na companhia de Pelé que destacou-se antes de enfim chegar ao futebol baiano em 1971, trazido para a Toca do Leão pelo técnico Jair da Rosa Pinto. No rubro-negro, estreou em jogo diante do Galícia uma caminhada que formaria uma dos maiores plantéis da história do Decano.

Com outros nomes de peso vindos do futebol do Sudeste, como seu ex-companheiro de Santos, Osni, além de Mário Sérgio e outros mais, o Vitória formou em 1972 com Aguinaldo como guarda-redes, um elenco que fez a primeira participação do clube no vigente Campeonato Brasileiro. E com apenas dois gols sofridos nas finais diante do Bahia, sagrou-se campeão baiano junto ao Leão da Barra.

Aguinaldo aparece como o primeiro atleta em pé da direita pra esquerda ao lado do massagista Gaguinho. Esta formação de 1972 conquistou o Campeonato Baiano e fez a primeira participação do Vitória no Campeonato Brasileiro.

Ou seja, já cristalizara-se naquele fabuloso ano como um arqueiro no qual a torcida podia depositar sua confiança. A prova dos nove, veio em 1973 durante nova disputa do Campeonato Brasileiro. O Vitória que dessa vez não conquistou o certame estadual, fez cinco amistosos antes de iniciar a competição nacional. Tendo levado gol somente no primeiro – empate em 2 a 2 com o Itabuna -, os outros quatro jogos diante de Rio Branco-ES, UACEC, Figueirense e Atlético de Alagoinhas, sendo dois empates e duas vitórias, marcavam uma invencibilidade que se seguiu por mais de um mês, tendo começado no dia 8 de agosto.

A chegada do Brasileirão foi o que confirmou a capacidade do nosso arqueiro. Nenhuma adversidade sofreu a meta do Leão nos jogos contra Atlético-PR (0 a 0), Santos (2 a 0) e Vasco (0 a 0). Contra o Rio Negro-AM, fora de casa, a sorte esteve e não esteve com Aguinaldo. O goleiro foi até as últimas consequências para salvaguardar as redes. Machucou-se num lance no meio do jogo, quebrando seu osso malar. O resultado permaneceu 0 a 0, mesmo com a entrada do reserva Pedro Paulo. Nos seis jogos em que esteve ausente, o clube levou cinco gols. Quando retornou diante do Comercial-MS, mais uma vez nada de gols sofridos e vitória por 1 a 0. A meta de Aguinaldo só foi vazada enfim no 14 de outubro, no triunfo em 2 a 1 contra a Desportiva-ES, pelos pés de Zezinho. Mais de dois meses e exatos 837 minutos de bola corrida duraram a fiel proteção do goleiro à sua meta.

O goleiro acompanhado da esposa após a contusão do seu osso malar. (Acervo de Galdino Silva)

Aguinaldo deixou o Vitória após o fim da temporada de 1973, jogando em clubes como Santo André, Olaria e também no futebol canadense. Nos anos 80 e 90 trabalhou como preparador de goleiros em muitos clubes do futebol brasileiro e atualmente, vive na sua cidade natal.


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