Início Colunas Memórias do Leão Já que você me provocou… O BaVi do Senta

Já que você me provocou… O BaVi do Senta

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Como certa feita disse o craque Nei Conceição: “Não existe futebol sem música, nem música sem futebol”. De ano em ano, os torcedores baianos provocam os rivais usando os mais variados ritmos musicais. Seja pelo pagode, axé ou forró, as torcidas sempre souberam impor a criatividade na hora de zombar por conta de um clássico. Em 2008 por exemplo, um hit embalou um BaVi decisivo do Campeonato Baiano e caiu no gosto dos rubro-negros.

O termo BaVi do Senta antes de tudo pode ser entendido como uma referência ao histórico Jogo do Senta – quando em 1944, atletas do Flamengo sentaram no gramado na derrota em 5 a 2 para o Botafogo -. O que se trata aqui porém é de outro ‘Senta’. A canção Senta Que é de Menta da banda Cavaleiros do Forró, composta a época pelo então presidente do América-RN, Alex Padang, e que caiu nas graças da torcida do Vitória após uma vitória do Leão por 3 a 0 diante do maior rival.

Afim de deter anacronismos, a contextualização se faz precisa: Em 2008, o Baianão era disputado com uma fórmula bastante diferente da atual. Com somente duas fases, o campeonato contava com doze times que se enfrentariam na primeira e depois um quadrangular final contendo os quatro melhores colocados. A situação do Vitória em BaVi’s naquele ano não vinha nada bem. No primeiro clássico ocorrido (exatamente num 10 de fevereiro como hoje) o Bahia se impôs com um 2 a 0 no Barradão. No segundo, ainda no mesmo mês, outra vez o tricolor venceu por 1 a 0.

A provocação dos rivais porém só viria a acontecer em um dos jogos do quadrangular final. Após vencer o Itabuna por 1 a 0 e empatar com o Vitória da Conquista por 5 a 5, o Vitória recebeu o Bahia no Barradão e levou um acachapante 4 a 1. A goleada (a última do tricolor no Santuário) fez os atletas do rival caírem na gandaia. Nas comemoração de um dos gols, o zagueiro Rogério puxou a dança do ‘Créu’, funk popular naquele ano. A torcida do Bahia também fez a sua parte nas provocações, entoando o hit do forró ‘Chupa Que é De Uva’ nas arquibancadas, numa clara alusão ao título da Copa da Uva, conquistado pelo Leão em 1994.

O que os tricolores não esperavam era a vingança rubro-negra. Uma semana depois, no clássico no Joia da Princesa, o Vitória enfim despachou o Bahia com gols de Ramon Menezes, Marquinhos e Ricardinho. Após o terceiro tento, foi a vez do atacante Rodrigão puxar a comemoração dançando o ‘Senta Que é de Menta’ para se vingar da provocação tricolor. A torcida aderiu a comemoração e foi á forra nas redes sociais. Na rodada subsequente, tanto Bahia quanto Vitória perderam para Itabuna e Vitória da Conquista, sendo também provocados com os cantos ‘Chupa que é de cacau’ e ‘Chupa que é de café’.

Em Feira de Santana, o Vitória goleou o rival e devolveu a provocação cantando o ‘Senta Que é de Menta’. (Créditos: Futebol Bahiano)

Mas nada deteve o Vitória na última rodada do quadrangular, que após a goleada aplicada no BaVi do Senta, restaurou os ânimos e goleou o Itabuna no Barradão por 5 a 1, assim levantando a taça de um bicampeonato baiano marcado pelas disputas rítmicas dos cantos de forró. Cerca de um mês depois do título, a banda Cavaleiros do Forró fez show em Salvador, com o seu sucesso na boca do povo. Devido a claro, a atuação da torcida rubro-negra que importunou os tricolores com a canção após o título. Aí que prova-se que Nei Conceição estava certo. Não existe futebol sem música, nem música sem futebol.


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