Uma promotora de eventos, torcedora do Bahia, participou de uma ação de ativação do plano de sócios do Esporte Clube Vitória na partida do rubro-negro diante do Sergipe, válida pela Copa do Nordeste no último dia 26. Ao fim do jogo, a moça publicou uma foto da atividade ironizando as cores rubro-negras na legenda. “A camisa é feia, mais (sic) trabalho é trabalho”.
Não foi a primeira vez, nem será a última. E não se trata de um caso exclusivo ao Vitória. De cá, posso classificar a atitude como uma imbecilidade com a segurança de que a maior parte dos leitores irão concordar. Mas pera lá! Precisamos falar sobre respeito.
Não se defende de uma ofensa, ofendendo. A profissional, nesse caso, demonstrou total irresponsabilidade e descompromisso com a execução do seu trabalho. E como consequência (suficiente, eu vejo) fechou as portas de um emprego, em uma cidade onde quase 25% da população está desempregada.
A partir daí tudo o que se viu em relação ao caso pode ser considerado uma imbecilidade? Gostaria de poder dizer (leia-se ofender) que sim. Os comentários publicados por torcedores em redes sociais mostram um pouco do que se entende sobre respeito. Todos resguardados no princípio de que “torcedor apaixonado é irracional”.
Em um áudio vazado, a mulher desabafa para um rapaz, alegando não imaginar a repercussão alcançada pela tal “brincadeira” e afirmando estar sendo ameaçada. E então, posso chamar de imbecilidade agora? Ok, vejamos alguns dos comentários publicados por torcedores em grupos no Facebook (clique para ampliar).
Não posso chamá-los de imbecis. De ignorantes, sinto-me à vontade. A nossa sociedade “de bem” não tem noção de que é possível tratar dos infortúnios com educação e respeito ao próximo. Não compreendem o quão enraizado estão questões como o racismo, o machismo e a misoginia, todos muito bem retratados nos comentários acima.
Não possuem minimamente um senso para refletir sobre o papel dessa garota dentro de todo o contexto. Quem ela é? De onde vem? Qual o seu nível de instrução educacional? Qual a sua realidade financeira? Por que trabalha com promoção de eventos? Por que essa ação necessitava de mulheres? Por que as mulheres no mundo do futebol aparecem em mais de 90% das vezes como um produto?
O futebol precisa ser humanizado. E tudo isso começa pelo respeito. E como um bom começo, sugiro que conheçam a galera da Brigada Marighella e o espaço democrático e respeitoso que eles estão criando nas arquibancadas do Barradão, onde questões de gênero, cor, sexo ou ideologia (há controvérsias nessa rs) não são consideradas – como também não deveriam ser em qualquer outro lugar.
Falando na Brigada, encerro o texto com uma nota publicada por eles sobre o caso. E prometo retomar este assunto, ainda que vocês achem que o “mundo está ficando muito chato”. Chato mesmo, estimado leitor/leitora, é não ser respeitado.
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Novamente o machismo protagoniza mais um episódio de violência e ódio contra a mulher no futebol baiano. Alguns grupos do WhatsApp e Facebook expuseram a foto de uma mulher que foi contratada para fazer uma campanha para o Esporte Clube Vitória, no primeiro jogo da Copa do Nordeste, a qual tinha na legenda “a camisa é feia mais trabalho é trabalho”.
Imediatamente, torcedores que se sentiram ofendidos responderam de forma violenta e desproporcional, promovendo um linchamento público desta mulher.
Chegou a ser circulado um áudio via Whatsapp onde a mulher era humilhada, tendo sua capacidade de trabalho questionada pelo critério de “beleza”. Outras agressões seguem no áudio, relegando à mulher em questão um lugar de objeto, sem qualquer valor humano: “essa dá pra pegar depois de três cervejas” (sic).
A Brigada Marighella – grupo de torcedoras e torcedores do Esporte Clube Vitória – repudia todo e qualquer ato machista e misógino dentro e fora dos estádios de futebol. Crescemos ouvindo que futebol é uma atividade única e exclusiva dos homens e, ao longo do tempo, lutamos para desconstruir essa ideia. Queremos que o estádio seja um ambiente seguro para as mulheres e que o futebol possa pertencer a elas sem oferecer riscos à sua integridade física, moral e psicológica.
Houve um comentário irrelevante da moça? Sim. No ato da emoção de expor o seu trabalho no Facebook, esta possivelmente não pensou em nada que a pudesse prejudicar. Mas, mesmo diante de um erro, jamais merecia passar por uma situação como esta.
Combater o machismo numa sociedade patriarcal, misógina, racista e LGBTfóbica, não é tarefa fácil, por isso afirmarmos cotidianamente que esse tipo de situação não mais será tolerada e traçamos uma linha de resistência, construindo uma nova cultura para o futebol onde a mulher cada vez mais ocupa espaços de grande relevância para o esporte, seja como torcedoras, jogadoras, árbitras ou dirigentes.
No último dia 15 de janeiro de 2017, o Vitória demonstrou isso, com a conquista do futebol feminino do ECV. As Leoas garantiram o campeonato baiano e ainda, pela primeira vez, tivemos uma transmissão ao vivo num canal de televisão. É esse tipo de espaço que buscamos ao construir o Esporte Clube Vitória, combatendo discursos e práticas carregados de ódio e fomentando uma maior inserção da mulher no futebol.
BRIGADA MARIGHELLA
“Não esqueceremos, nem perdoaremos”
Brigada Marighella? Graças a Deus nem só de comunista é feito torcedores!
Quase deu vontade de vomitar em cima!
USTRA VIVE!
Com tantas torcedoras fanáticas do EC Vitória,, foi escolher justamente essa menina que precisou de poucos minutos de fama para polemizar? Da próxima vez, tenham mais cuidado na escolha.
O texto é totalmente argumentativo, Questão de opinião!
Para ter respeito tem que dar respeito.
E toda ação tem uma reação. É a inevitável e infalível lei da física.
Queria ver se fosse o contrário. Uma torcedora do Vitória que trabalhasse na sardinha e postasse isso.
Pode crer, amigo… ela com certeza teria que se mudar de bairro, de cidade ou sair do estado.
A torcida do Vitória sempre é muito boazinha e sempre tem gente na torcida pra defender ofensas de torcedores da carniça e tentar minimizar as consequências das merdas que eles sempre fazem.
Não achei os comentários machistas não. Se fosse contra um homem talvez fosse bem pior.
Abraços.
SRN!