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Quando os rubro-negros vandalizaram a Fonte Nova

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*Texto publicado no blog Memórias do E.C. Vitória em março de 2018

 Se recentemente torcedores do rival vandalizaram nas arquibancadas do Barradão, em 1985 não foi muito diferente com os rubro-negros na Fonte Nova. Mesmo não se tratando de BaVi, os torcedores do Vitória, movidos pelas mais efusivas reações de uma derrota degeneraram o estádio em forma de revolta após uma simples derrota em 2 a 0 para o Itabuna. Isso porquê a questionável arbitragem da FBF provocou uma adversão na torcida.

 O caso se passou em 30 de outubro de 1985. O Vitória que vinha de uma invencibilidade de dezesseis jogos no Campeonato Baiano – isso desde o início do campeonato naquele ano – recebeu o Itabuna na Fonte Nova. Ainda eram somente 44 minutos do primeiro tempo quando os rubro-negros tomaram o gramado do estádio pra protestar contra o árbitro José Barreto de Sousa, enquanto o time rubro-negro ia perdendo por 2 a 0 pra equipe interiorana. Um dos torcedores leoninos chegou a dar uma mordida na coxa do juiz, e mesmo com o jogo já tendo sido declarado suspenso, a confusão continuou.

 A Polícia Militar que se fazia presente reagiu com projéteis letais, que feriram dois torcedores. Um deles tinha apenas 17 anos e foi atingindo na perna, o outro, de 34 anos de idade chegou a ser internado no hospital Roberto Santos com uma bala no pulmão. José Barreto, o árbitro da partida, era também sargento da PM e foi acusado pelos torcedores de mediar a partida embriagado. O mesmo chegou a dispor-se para um exame, mas o então presidente do Vitória, José Rocha, dispensou a necessidade disso, pois isentava-o do tumulto causado. Em contrapartida, a FBF ficou de cobrar do Vitória os estragos causados pelos fãs rubro-negros no gramado da Fonte e os 140 metros de alambrado arrancados, que causaram prejuízos de 35 milhões de cruzeiros.

Cenas pós-devastação rubro-negra na Fonte Nova. O prejuízo foi de 35 milhões de cruzeiros, segundo a FBF.

Antônio Pithon, presidente da FBF na época, avaliou o mau desempenho do árbitro como uma das causas para exaltação dos ânimos, dizendo que o mesmo não teve pulso pra conter a violência em campo, mas que por sua vez os gols do Itabuna foram legais. Por fim, acusou os dirigentes do Leão da Barra de terem encorajado os torcedores a exercer a batalha campal, o que por sua vez foi negado pelo presidente José Rocha: “Não mandei ninguém invadir o campo. Além disso, nossos jogadores estão sentindo há muito tempo a violência dos adversários e os árbitros nada fazem.”.

 Mais tarde no Campeonato Baiano – no qual seria campeão – o Vitória encarou o Itabuna outras três vezes. Nas duas primeiras, empates por 1 a 1, e na terceira um 2 a 1 pros rubro-negros.


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