– A chegada: Apresentado em janeiro como o camisa 10 ‘clássico’, Renato Cajá logo foi alçado ao posto de maestro do meio-campo rubro-negro. Canhoto, com boa visão de jogo e passagens marcantes por Botafogo e Ponte Preta, o meia foi contratado para suprir uma carência do Vitória por um jogador da posição desde a saída de Ramon Menezes em 2010.
Com um começo promissor com 2 gols contra o Asa pela Copa do Nordeste, relembre aqui, o jogador foi o meia central ideal no 4-2-3-1 utilizado por Caio Júnior ao longo do 1º semestre. Apesar do desastre da Copa do Nordeste, no Campeonato Baiano Cajá voltou a ser decisivo e importante para o título histórico do rubro-negro, com assistências e gols. Inclusive marcando o primeiro gol da nova Arena Fonte Nova.
– O Brasileirão: Passada a euforia da competição local, a principal competição estava por vir: o Campeonato Brasileiro da Série A, ausente da competição desde 2010, o Leão entrava em campo sob desconfiança da mídia esportiva e esperança por parte da torcida pelo bom desempenho no Baiano. Após a pausa da Copa das Confederações, o problema de Renato Cajá começou a surgir. Com a queda de desempenho de todo o time, o meia, por ser o ‘maestro’, foi um dos mais criticados. Por conta da sua morosidade e falta de presença ofensiva, a paciência da torcida foi sendo testada rodada a rodada.
As vaiais a Cajá eram inevitáveis, mas, por conta do forte temperamento do atleta, o jogador passou a revidar as provocações da torcida, fazendo gestos em campo e criticando a postura dos torcedores. O meia ainda se envolveu em polêmicas ao ser substituído contra o Grêmio já pelo segundo turno do Brasileiro, em jogo realizado no Barradão, além de discutir e mandar indiretas para membros da imprensa baiana após a partida.
– Os números: Cajá, o maestro do 1º semestre, de fato, merece todas estas críticas? Vamos aos números:
Renato Cajá é o líder em assistências do Vitória com 5 passes para gol (18º no Campeonato), o meia paraibano ainda é o segundo jogador que mais passa para finalizações de companheiros no time, são 40 passes que deixaram os colegas em condição de marcar o tento. O jogador ainda tem 2 gols e 30 desarmes em 32 jogos disputados. (todos os dados são do FootStats)
Com um campeonato apenas mediado, Cajá poderia passar desapercebido em outros times não fosse o seu alto salário e posto de ‘craque’ meio de campo ao chegar no Vitória, ofuscado por Cáceres, Escudero, Maxi e Marquinhos o meia acabou sendo cada vez mais dispensável para torcida rubro-negra, que pedia a saída de Cajá nos fóruns na Internet, redes sociais, mesa de bares e no Espaço Gourmet do Barradão. Sob a justificativa do calor soteropolitano, Renato Cajá foi colocado no banco de reservas rubro-negro pelo técnico Ney Franco contra o Santos, pela 35ª rodada, no triunfo rubro-negro por 2×0.
– A despedida? No jogo do último domingo no Barradão, o jogador ganhou a oportunidade ser titular e voltou apresentar um bom futebol, mas ao ser substituído mais uma vez proporcionou uma cena que não condiz com a postura de um atleta profissional: tirou a camisa, jogou-a no chão e foi direto para os vestiários do Estádio, retornando pouco depois ao banco de reservas após esfriar a cabeça. Este pode ter sido o último jogo de Renato Cajá com a camisa rubro-negra em Salvador.
No que pode ter sido a despedida do jogador a pergunta que fica é: Cajá foi de maestro a vilão em 11 meses?