Sem estrelismo e badalação o Vitória apresentou no dia 14 de fevereiro de 2011 o meia Nikão, de 18 anos. O jogador que chegou com pompa de eterna promessa por clubes em que passou, tinha na Toca do Leão o lugar ideal para, literalmente, reerguer a cabeça e mostrar o que sabia fazer de melhor: jogar futebol. Lembro como se fosse hoje as palavras na primeira coletiva concedida pelo atleta ao vestir o manto rubro-negro. “Estilo de jogar mais cadenciando o jogo, não é velocidade, mais pensativo”, disse.
O rapaz precisou de apenas 9 gols em 10 jogos para mudar o status de promessa para “ídolo”. Com partidas de encher os olhos, Nikão, o “Pelé do Barradão” seguia encabeçando os triunfos leoninos e até conseguiu fazer cover; só não conseguiu tirar o título das mãos do Bahia de Feira, mas essa triste lembrança acho que nem vale recordar.
Se todo amor dura para sempre eu não sei dizer, mas a reciprocidade do torcedor rubro-negro para com Nikão não durou quatro meses. Tudo começou – ou acabou – quando, na calada da noite, do dia 24 de maio do mesmo ano, o ex-presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho, que anos depois seria expulso do clube que presidia, conseguiu tirar o jogador da Toca do Leão, onde se preparava para disputar a série B pelo Vitória, e levá-lo para o Fazendão.
Até hoje não se sabe o real motivo para o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, permitir a brusca migração do jogador. Alguns dizem que foi vingança, pois o CAM pretendia contratar o meia Elkeson do Leão, que por sua vez foi vendido para o Botafogo, outros dizem que foi em retaliação a não liberação do lateral-direito Nino Paraíba para o time mineiro. Agora não importa mais, pois Inês já é morta.
Bom, acabando com essa chata lembrança da meteórica passagem de Nikão pelas bandas de Canabrava, alguém lembrava dele? O Esporte Clube Vitória acabou? Pelo contrário. O pseudo ídolo leonino (nada contra o rapaz e juro que até desejei boa sorte) amargou o banco de reservas do nosso vizinho e, nada contra o jogador, mas até hoje continua sendo uma eterna promessa.
Por outro lado já tivemos ídolos como Mário Sérgio, André Catimba e Roberto Cavalo para os mais antigos e, para os torcedores mais jovens, podemos citar, Bebeto Gama, Dida e Petkovic. Claro que temos muitos outros atletas que passaram pelo Leão e merecem destaque, mas citei apenas alguns de fácil lembrança para que possamos entender a diferença de ídolo e um bom jogador.
Situação como a de Nikão vamos ter toda temporada, o que não é exclusividade do Vitória. Não vamos chorar por jogadores que não renovaram. Não existe goleador que não perde gol. Não existe paredão que não toma um frango. Ou seja, não existe jogador insubstituível.
Passam treinadores, jogadores, presidentes (temos até um caso parecido na nossa história recente), mas quem não deixa de permanecer batendo no lado esquerdo do manto rubro-negro é o escudo do grandioso Vitória. Então, como diz o respectivo título ‘Vão-se os anéis e ficam os dedos’.