Quantos dias tem um ano? Essa resposta parece fácil, 365 ou 366, se for bissexto, não tem mistério, certo? Errado. O 2014 do Vitória parece um pesadelo que demora de acabar, se arrasta a cada semana de sofrimento e parece que já dura muito mais que os 365 dias de um ano comum.
A data é 8 de dezembro de 2013. O empate com o Atlético não foi suficiente para a vaga na Libertadores mas deixou uma esperança enorme. O time não tinha medo de ninguém, Ney Franco era o comandante ideal. O ano de 2014 prometia ser um marco, prometia coisas grandes para o Vitória até o calendário virar.
Veio 2014 e parece que tudo foi esquecido. Contratações sem sentido que pioraram o time da temporada passada. Veio o primeiro semestre, que foi utilizado como teste, mas parece que muita coisa não foi testada. Além de perder o estadual sem ganhar nenhum clássico, outra eliminação vergonhosa na Copa do Brasil, outra vez saindo goleado.
Aí era menos da metade do caminho, mas nem era preciso bola de cristal para adivinhar que o desfecho não poderia ser melhor, afinal ninguém testemunhou nenhum milagre ou revolução pelas bandas de Canabrava. Começaram as competições nacionais com a Copa do Brasil, se é que dá para falar em começar, porque outra vez o Vitória foi eliminado vergonhosamente, jogando apenas duas partidas e ficando já na primeira fase contra o J. Malucelli. Disseram alguns que era estratégia para jogar a sulamericana, aquela competição onde escalamos time reserva nos dois jogos contra o Sport e lá em Medellín contra o Atlético Nacional. Onde estava o interesse em querer jogar a Sul-Americana?
No Brasileiro, que é a principal competição do ano, um início trágico. Alguns dirão que a falta do Barradão prejudicou, já que só vencemos a primeira em casa no santuário. Aliás, dos 18 jogos como mandante, o Vitória somou 23 pontos, sendo 19 na Toca. Final do primeiro turno na lanterna, com apenas três vitórias e a vaca parecia já estar no brejo.
Começou o segundo turno e o time melhorou, ou pelo menos os resultados apareceram. A torcida passou a ter o direito de sonhar, o time que entrou no grupo dos quatro piores na 16ª rodada e passou 5 rodadas como lanterna saiu da zona, ameaçou reagir na competição, alcançou até um 14º lugar no campeonato após vencer o clássico, oscilou entre dentro e fora da zona e até melhorou no final.
Poderia ser contra o Coritiba o jogo do alívio da temporada. Não foi, mas sim mais um daqueles jogos que sempre contaremos e lamentaremos como pontos perdidos ao olhar em desespero para a tabela e procurar um ponto aqui e outro ali para a salvação. Nesse ano são tantos iguais a esse que parece uma piada de mal gosto contar.
Outra vez o time pecou no de sempre: erros defensivos, falta de qualidade na criação, substituições equivocadas, desarmando time que já é fraco. Ney Franco, apesar dos erros, não é culpado sozinho, afinal foi ele mesmo grande responsável em 2013. O plantel é limitadíssimo, para dizer o mínimo. Ver um jogo do Vitória hoje dói nos olhos na alma do torcedor rubro-negro. Porém, nenhum jogador que está aí veio sozinho. Se hoje o elenco é ruim, limitado, abaixo do que merece a camisa do Vitória, ele só é um reflexo de quem contrata, de quem comanda o Vitória.
Esse ano maldito vai acabar, faltam apenas três episódios desse filme de terror. Bem ou mal, a torcida precisa apoiar o time nesse momento, secar os adversários e torcer para que ao menos a última cena da temporada não seja o que foi o resto do ano. Dia 7 de Dezembro, no Barradão, o Vitória define sua vida, perto da sua torcida que em momento nenhum abandonou. Quase um ano exato para aquele 8 de Dezembro de 2013, mas como parece distante.
Imagem: globoesporte.com