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O caso Victor Ramos e a imprensa das polêmicas

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Acredito que imprensa baiana, sobretudo a esportiva, provavelmente deva reivindicar a inclusão da “polêmica” à lista dos critério de noticiabilidade publicados pelo teórico Nelson Traquina.

Deve, inclusive, numerá-la acima de outras, uma vez que se torna cada vez menor o intervalo entre a criação de uma ou outra. A bola da vez é a inscrição do zagueiro rubro-negro Victor Ramos no campeonato baiano, questionada pelo presidente do rival. Há quase 30 horas não se fala de outra coisa.

De fora das discussões, acompanho em redes sociais o posicionamento de algumas pessoas, em especial repórteres, que nessas horas incorporam um espírito especialista do caso e dão de pitacos a conclusões definitivas. Levam muito a sério aquela história de que o jornalista sabe um “pouco” de tudo.

O curioso é que tudo isso ocorre em meio a um competição vergonhosa, organizada por uma federação que deve muito se esforçar bastante para colocar o Baianão entre os mais pífios dos estaduais, missão complicada dada a falência múltipla dessa modalidade pelo Brasil.

A verdade estampada aos olhos é que a Federação Bahiana de Futebol demonstra total falta de zelo com o que lhe cabe administrar. Há 14 anos no cargo, o presidente Ednaldo Rodrigues ainda não conseguiu cumprir “a função de fortalecer o futebol baiano, buscando diariamente oferecer maiores condições a todos que estão envolvidos e imbuídos no crescimento do esporte¹”.

Tamanho é esse crescimento que cruza divisas e faz com que equipes de Juazeiro atuem em Pernambuco, vítimas da falta de um planejamento que viabilizasse uma praça esportiva em mínimas condições de uso no município. O mesmo sofreu o Vitória da Conquista e sofre o Fluminense de Feira de Santana, dois representantes das duas maiores cidades do interior.

De quem é a culpa pela Bahia ser a único entre os dez maiores PIBs do Brasil a não possuir um terceiro time de futebol entre as três primeiras divisões nacionais? É somente dos clubes baianos a culpa pelo nível ridículo do estadual? Não é.

Quem já está de saco cheio de ler, ouvir ou assistir matérias sobre isso? Pautas não faltam aos jornalistas, mas interesses sobram aos seus veículos. A polêmica inflama cenários e egos. Pautar polêmicas atrai ibope à imprensa. Talvez seja só reflexo da crise. Ou talvez seja só ego. Acho é que se aproxima da mediocridade e aponta para um estado de falência jornalistica. Triste Bahia.

¹Trecho de nota divulgada pela FBF após a última releição de Ednaldo Rodrigues, em 2014.


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