A gente tem muito do que reclamar. Quando Vagner Mancini foi confirmado para continuidade no cargo de treinador do Vitória em dezembro, logo após as eleições, muita gente torceu o nariz. Contestado e nem sempre aplaudido, o treinador é alvo de críticas por seu estilo. Teimosia é quase seu sobrenome. Em suas passagens pelo Leão da Barra, o carrossel é quase sempre o mesmo: o time engrena, vence com méritos adversários difíceis e acaba perdendo a empolgação no fim. Quase como uma garrafa Coca-Cola de fim de festa, o time do Vitória de Mancini sempre acaba perdendo o gás. Isso quando ele não abre mão do cargo por uma oferta qualquer melhor. Nada contra. Quem não quer mudar de vida pra melhor?
Acontece que paciência tem limite. E paciência de torcedor de futebol é uma linha bem pequena, principalmente quando se fala do Vitória. Aguardamos sempre grandes resultados que nos coloquem no topo, mas ficamos no quase em boa parte da nossa história. Quando tudo parece ruim, qualquer moleque habilidoso vira craque. Quando a terra é arrasada, qualquer gringo goleador vira mártir. Quando o período é nefasto, qualquer toque de bola rápido faz empolgar. Mas o gás acaba.
Dizer algo e encontrar palavras para preencher linhas deste texto é um trabalho árduo. Mas com esses tempos do Vitória de Mancini, o que não falta é assunto. Ontem, no quarto Ba-Vi do ano, nos surpreendemos mais uma vez. Agora com a ruindade de uma equipe que se dizia focada e preparada para um clássico na primeira divisão do futebol nacional. Tamanha bagunça não se via nem em pré-temporada: time apático, sem poder de reação e com uma proposta de jogo fraca, que não encanta nem o mais iludido apaixonado pela agremiação.
As reclamações são as mais diversas, mas convergem num único ponto: Por que Mancini continua como técnico do Vitória, arrastando a imagem e as ações do clube para a lama? Antes figurinha carimbada em todo veículo de comunicação e nas arquibancadas do Barradão, Ricardo David parece estático na cadeira da Presidência, a qual só deixou para se sentar na sala de imprensa para apresentar os oito reforços para o Brasileirão, ainda que estes jogadores não possam parecer ser a solução definitiva que o time precisa. Se eram o que o time precisava, por que só três deles jogaram domingo? Ah, meu amigo.
O gosto da derrota amarga e humilhante no Ba-Vi vai demorar de sair da boca. Como um vinho estragado. Ao contrário da bebida milenar, Mancini não melhora com o passar do tempo. Ele tende a demonstrar sinais daqueles times que você bate o olho e percebe que não vai a lugar algum. Desordenado. Desorientado. Descalibrado. Todo torcedor do Vitória já viu esse filme. E cansou.