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O desequilíbrio de Marcelo Chamusca nas últimas entrevistas

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Algo me chamou atenção após as três últimas entrevistas coletivas concedidas pelo treinador Marcelo Chamusca. Pensei muito antes de escrever sobre, mas resolvi que precisava rebater algumas das afirmações absurdas dadas pelo comandante do rubro-negro baiano. Sem mais delongas, vamos começar.

LABORATÓRIO

A eliminação na Copa do Brasil para o Moto Club foi o primeiro momento de desequilíbrio do treinador Marcelo Chamusca no comando do Vitória. Em coletiva no estádio Castelão, em São Luís, ele disse o seguinte:

“Tem muita coisa para acontecer ainda. Tem que servir esse tipo de situação como um laboratório importante para a sequência das competições que vamos disputar. É levantar a cabeça e seguir em frente”

Não vamos ser hipócritas e dizer que uma eliminação deve reverberar por toda a temporada, mas dizer que se deve encarar como um laboratório para a sequência do ano é chamar o torcedor do Vitória de palhaço. Além de minimizar o vexame, Chamusca foi de encontro à importância anteriormente afirmada pelo presidente Ricardo David, que disse, ainda em 2018, que a Copa do Brasil seria um dos pilares do clube na temporada seguinte.

PIADA

Foto: Maurícia da Matta/EC Vitória

No dia 15 de fevereiro, antes do duelo com o Ceará, Chamusca foi questionado pela imprensa sobre a instabilidade no cargo de treinador e se temia ser demitido caso o rubro-negro fosse novamente derrotado.

A resposta de Marcelo Chamusca foi:

“Falar nisso agora não existe. É piada essa pergunta, falar de demissão…Se perguntar com falta de respeito, nem respondo. Perguntar isso agora não tem fundamento nenhum. Respeito sua pergunta, mas não tem fundamento nenhum. Primeiro jogo que perco aqui. E esse grupo que jogou na quarta-feira também perdeu seu primeiro jogo. Muito cedo para responder esse tipo de pergunta. Respeito qualquer pergunta, mas não tem como responder uma pergunta dessa em momento como esse”

Além do desrespeito com o repórter, cuja pergunta não foi piada e nem com falta de respeito, Chamusca começou a demonstrar um lado que ainda não tinha feito no Leão: o desequilíbrio emocional. Relativizar a derrota e a eliminação é o mesmo que não reconhecer o próprio erro, achar que foi apenas mais um jogo. Não foi. Só parar para analisar quais foram os triunfos do Vitória na temporada (contra Vitória da Conquista, Jacobina e Jequié) e enxergar que o desempenho vem sendo abaixo do esperado, ainda que a expectativa já fosse extremamente baixa.

CAIU UMA BOMBA?

“O que aconteceu não foi só com o Vitória. Guarani, Ponte Preta, Coritiba. Não é dessa forma que temos que fazer o futebol. Até semana passada o grupo de jogadores tinha qualidade, o planejamento estava certo, o treinador era capacitado. Hoje não presta mais ninguém? Não é assim que funciona. O time não teve rendimento satisfatório, foi eliminado de uma competição importante. Acabou. Parece que caiu uma bomba aqui e não presta mais nada”

Novamente minimizando o vexame do seu próprio time. Além disso, Chamusca proferiu afirmações que não sei se ninguém se atrave a falar. Pelo contrário. Desde o início da temporada a torcida reclama da postura do time, do rendimento nas partidas e questiona as escolhas e insistências do treinador. Não parece que caiu uma bomba, mas se ser eliminado por um time da Série D com orçamento infinitamente superior é algo normal, não sei mais o que esperar do time nesse ano.

INCOERÊNCIA

Foto: Maurícia da Matta/EC Vitória

Após o empate com o Ceará, novo desequilíbrio de Marcelo Chamusca em entrevista coletiva. Dessa vez com direito a discussão com repórteres e até uma “queimada” no treinador João Burse e no elenco sub-23.

“Dois empates contra dois adversários de Série A. Os dois outros empates foram com o sub-23. Eu não estava à frente e não tinha nenhum atleta desse grupo. Os dois últimos jogos foram contra Bahia e Ceará, com investimento muito alto, estão jogando Brasileiro e com uma coincidência: os dois deram continuidade ao trabalho do ano passado”

Primeiro ponto a considerar é o tom que Chamusca tratou a pergunta, que foi sobre os quatro empates em quatro jogos na Copa do Nordeste. Ele quis separar as coisas, sendo que não tem como fazer isso, pois o Vitória é um só. Depois, ao comemorar empates contra “adversários de Série A”, o mesmo sub-23 que ele quis desconsiderar empatou com o CSA (time de Série A) e com o Moto Club, equipe com a qual o time comandado por Chamusca nem isso conseguiu na Copa do Brasil.

“Empatamos hoje em uma circunstância que perdemos duas noites. Uma para ir para São Luís, outra para voltar. Não tivemos tempo suficiente. Isso no sol que a gente jogou. Só isso que estou querendo falar. Só quero mostrar que minha equipe foi castigada pelo calendário, tem o desgaste emocional pelo jogo de quarta-feira, a gente acabou quase meia noite, saímos 3h pro aeroporto. Foram duas noites perdidas, isso tem um peso. Não tenho nada a ver com quem foi, quem não foi. A viagem trouxe um desgaste físico. Esse desgaste físico tem interferência no rendimento hoje”

Antes dos jogos contra Moto Club e Ceará, Chamusca usou o time reserva contra o Bahia de Feira justamente para ter o elenco 100% nas duas “decisões”. Eu não consigo comprar essas desculpas em cima do calendário. Agora terá uma semana inteira para trabalhar. Estou ansioso para ver o que ele irá dizer na próxima coletiva.

Ao meu ver, Marcelo Chamusca está balançado com a pressão e as críticas, o que vem fazendo com que se perca nas palavras, na postura e no tratamento com a imprensa. E o “mais engraçado” é que nem houve tanta pressão assim e muito menos perguntas agressivas. Resta saber se Chamusca tem cacife para treinar um time do tamanho do Vitória. Torço para ele se acalme, o time se ajeite e tenha bons resultados. Mas, se seguir agindo dessa maneira, é melhor ir embora logo…


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