No início do século, o Barradão foi palco do fim da Era PC, um longo comando que vinha desde o final dos anos ’80 à frente do rubro-negro. E foram dois rebaixamentos seguidos, dentro do Santuário, que motivaram todo o processo.
O ano de 2004 começou com altas expectativas para o Vitória. O clube crescia a olhos vistos e a esperança de finalmente ganhar um título nacional. Contratações de peso, início promissor e final trágico.
O Leão pensava alto e buscou nomes de alto nível, fugindo da contratação de refugos tão comum em dias atuais. Grandes revelações chegaram em Salvador: Cleber Santana veio do Sport e Magnum chegou do Paysandu que disputou a Libertadores um ano antes. Os destaques de fora se juntaram aos jovens jogadores revelados no Barradão: Juninho, Adaílton, Xavier, um jovem Leandro Domingues, Gilmar e Obina.
Para comandar esses jovens, uma dupla de peso. Campeões do mundo com a seleção brasileira dois anos antes, Edilson e Vampeta chegaram com toda pompa – foram apresentados de helicóptero no Barradão – e pareciam ser exatamente o diferencial que aquele time precisaria para brilhar em 2004.
O ano começou com os resultados aparecendo. O campeonato estadual veio sem sustos, com apenas uma derrota em 14 jogos e mais um tricampeonato na história (02-03-04). A Copa do Brasil também começou bem, com o Vitória eliminando Colatina, Sampaio Correa, Internacional e Corinthians.
A virada negativa
O sonho do título nacional parou na semifinal contra o Flamengo. Duas derrotas, 0-1 em Salvador e 0-2 no Rio de Janeiro mais uma vez encerraram as aspirações do Vitória. Era o momento de focar no Brasileirão e tentar chegar longe. No primeiro turno o leão fez 29 pontos, a sete do rebaixamento e nove da Libertadores.
O segundo turno veio e o ano desandou. A troca consecutiva de treinadores – Agnaldo Liz começou o ano e deu lugar a Oswaldo de Oliveira, depois Hélio dos Anjos e finamente Evaristo de Macedo – deu instabilidade ao time, que já tinha seus próprios problemas internos. O caldeirão estava pronto e cozinhando. Em campo, apenas cinco vitórias nos 23 jogos do segundo turno, com direito a quatro derrotas no últimos quatro jogos, quando somente uma vitória seria necessária para salvar o time do descenso. Após 12 anos consecutivos na elite, o Vitória iria visitar a Série B
2005 – Bate e volta sem escalas…
O ano novo pedia caras novas e uma reformulação foi feita. Renê Simões chegou para ser o treinador e muita gente se mandou: Cléber Santana, Edilson, Vampeta, Obina, ninguém ficou. Era o momento de remontar o time que iria voltar pra Série A.
Para a Série B, alguns jovens: Felipe, Gilmar, Alecsandro, Leandro Domingues, Zé Roberto sob a liderança de atletas mais velhos como Marcelo Ramos, Alex Alves e Marcelo Heleno.
Novamente, o ano começou bem. No Campeonato baiano o Vitória passeou e conseguiu seu primeiro tetracampeonato na história. E com um grande detalhe: invicto. O ano começava bem e a esperança era de voltar sem grande dificuldade para a Série A. Porém, a Copa do Brasil mostrou que a situação seria diferente. Após eliminar o Confiança, o Vitória passou o vexame de ser eliminado pelo Baraúnas já na segunda fase. Duas derrotas selaram o destino rubro-negro. Só restava a Série B.
O início de Série B mostrava que não seria fácil. O Vitória lutava rodada após rodada para tentar se manter no G8, mostrando a irregularidade de sempre. Alguns bons resultados, como vencer o Grêmio no Olímpico por 2-1 e empatar com o Paulista no Barradão por 4-4
…para a Série C
Após vencer o Caxias em casa pela 17ª rodada, a coisa desandou. O Vitória foi derrotado pelo Santa Cruz fora de casa, pelo Ceará em casa, foi goleado pela União Barbarense e chegou no último jogo já sem chance de subir. Somente evitar o rebaixamento era o objetivo. E o que parecia inacreditável ficou ainda pior. A Portuguesa começou vencendo e o Vitória buscou o empate com dois gols de Alecsandro. O 3-3 parecia servir, não serviu e o leão acabou rebaixado. O pior vexame da história do clube teve repercussões drásticas, dentro do Barradão.
Fim de uma era
O trágico rebaixamento foi também o fim da Era PC no Vitória. O presidente, que chegou ao poder em 1989, não resistiu aos dois rebaixamentos nem ao caos político que essa queda brusca provocou no Vitória.
Após 16 anos à frente do clube, o presidente que dividiu – e certamente até hoje divide – opiniões, amores e ódios dentro do clube deixou de vez o comando do Vitória, mas não o imaginário popular. Alguns anos depois, PC entrou com uma ação contra o clube e trabalhou durante alguns meses no grande rival.
Hoje, o nome de PC volta a ser falado no mundo Vitória. A cada eleição que se aproxima, surge o boato de que ele possa tentar voltar a comandar as coisas no Vitória. Será?