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Barradão: “Elogios” a um estádio de futuro incerto

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O site oficial do Esporte Clube Vitória tem divulgado com intensidade a notícia de um suposto elogio dado pelo diretor da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Virgilio Elísio da Costa Neto, ao estádio Manoel Barradas, o Barradão.

Abaixo um trecho da publicação feita no dia 12 de Julho de 2012 no site oficial do Vitória:

“O diretor de Competições da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Virgilio Elísio da Costa Neto,  ao participar do seminário sobre “Operações de Estádios”, em Fortaleza, destacou que o Estádio Manoel Barradas, do Vitória, está entre os 10 maiores do Brasil.”

(Confira matéria na íntegra em http://ecvitoria.com.br/noticias/1284-elogios)

Sabemos que a maioria dos estádios no Brasil precisaram se readaptar ao estatuto do torcedor proposto pela CBF com base nas regularizações da FIFa, padronizando espaços, colocando cadeiras, trazendo conforto, segurança e consequentemente reduzindo a capacidade de seus equipamentos. Os poucos que permaneceram no “padrão antigo”, caracterizados pelas arquibancadas de cimento e ausência de cobertura, já apresentaram projetos de reforma, ampliação e modernização, como é o caso da Ilha do Retiro, do Sport Recife e do Palestra Itália (Parque Antártica), estádio do Palmeiras que já está em obras. Em contrapartida a essa realidade segue o Vitória que de 2010 pra cá promoveu um singelo aumento no número de cadeiras no estádio – para benefício dos associados ao plano mais caro do Sou Mais Vitória (estes que são minoria nos jogos) -, reformas necessárias no gramado, catracas de acesso e setorização (que se resumiu a uma separação mais do que urgente entre torcida local e adversária), além da pintura de muros, arquibancadas e recentemente a instalação de um novo placar eletrônico, fruto de uma parceria com duas empresas privadas.

As “pinceladas” dadas pela diretoria Rubro Negra ao Barradão alimentam um sentimento criado pela torcida do Vitória ao seu querido e amado “Santuário”, como é carinhosamente apelidado o estádio pelos torcedores. No entanto, projetos de modernização e acessibilidade fogem aos discursos dos gestores. A massiva divulgação do elogio de Virgilio Neto, diretor da CBF, é mais uma das armas utilizadas pelo Vitória para mascarar a real situação de atraso do equipamento em relação aos outros estádios do Brasil.

Segundo o Cadastro Nacional de Estádios de Futebol (CNEF), o Barradão, que tem capacidade para 35 mil pessoas, é o 22º maior estádio do Brasil, ficando atrás de estádios localizados em cidades com pouco atrativo futebolístico como o Parque do Sabiá, em Uberlândia – MG (56.450),  Prudentão, em Presidente Prudente-SP (45.954), Morenão, em Campo Grande-MS (45.000)  e Albertão, em Teresina – PI (44.200). Se tratando de estádios particulares, o Barradão é o 7º, atrás apenas do Morumbi-SP, Arruda-PE, Beira Rio-RS, Olímpico-RS, Palestra Itália-SP e Couto Pereira-PR, estádios que claramente são superiores à Arena Rubro-Negra em diversos pontos.

O que transparece diante das atitudes da diretoria do Vitória é que o clube seguirá os passos do Vasco da Gama  que “embelezou” o estádio de São Januário, mas ainda usa os equipamentos públicos (Maracanã e Engenhão) quando o evento requer mais estrutura. Seria o caso do Vitória após a inauguração da Arena Fonte Nova, prevista para o fim deste ano. No caso Vascaíno, mesmo sem resolver as questões de conforto e acessibilidade, a diretoria deixou o São Januário apto a receber até mesmo a final da Copa do Brasil de 2011, onde o Vasco enfrentou o Coritiba. O mesmo aconteceu com o Barradão no ano anterior, quando foi palco da final da mesma competição entre Vitória x Santos.

Indefinições a parte, uma certeza é de que alguém terá que pagar a parte dos investimentos da iniciativa privada pela construção da Arena Fonte Nova e o lucro almejado pelas empresas responsáveis não deve se resumir apenas aos jogos do Bahia e aos não tão frequentes eventos que a Arena deverá receber.


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