Me apropriando abusivamente de parte da canção “Dois Mundos”, da banda baiana Vivendo do Ócio, intitulo este texto prevendo o triste e aterrorizante desfecho que o autor da trama “Vitória 2014” prepara para as próximas semanas. Na figura de um especialista em cinema, faço desta análise uma crítica à obra assinada pela atual diretoria do Leão da Barra.
O responsável, Carlos Sérgio Falcão, parece tentar repetir em 2014 uma das histórias mais tristes da contemporaneidade rubro-negra. O provável rebaixamento do Vitória neste brasileirão segue para um epílogo semelhante ao último, em 2010, com uma decisão dentro do Barradão onde os donos da casa precisarão de apenas um triunfo simples para escapar do inferno. “Dos mesmos diretores de ‘Vitória 2010′”, assim deve constar na capa desta tragédia anunciada.
Vice-presidente há quatro anos, o autor infelizmente não soube dosar as sensações do público. Eliminado vergonhosamente de todas as competições que disputou este ano, Falcão retirou dos capítulos os ‘guerreiros’ e suas batalhas que geraram grandes expectativas para adicionar vilões que geraram frustração e irritação. Diferente de “Vitória 2010”, que o público teve a oportunidade de pelo menos vibrar com as campanhas no Baianão e na Copa do Brasil, “Vitória 2014” não suscitou nenhum sorriso sequer.
Melancólica e de tirar o expectador do sério, a obra atual vai se encaminhando ao fim com duas últimas cenas que provocam múltiplos sentimentos. Há quem já tenha desistido da série, ao mesmo tempo que há os que continuam a roer as unhas, fazer as contas e acender as velas. Os episódios vão ao ar no próximo sábado (29), na Arena da Amazônia, e no próximo dia 07/12, no Manoel Barradas, lamentavelmente transformado em palco das lágrimas.
Se era pra ser uma cópia, pelo menos nisso o autor acertou; conduziu friamente o enredo para um mesmo episódio final, só que escolheu um coadjuvante de peso: o Santos. O mesmo Santos que foi adversário em uma decisão no “Vitória 2010” e levou a melhor diante de um palco lotado; o mesmo palco lotado que chorou ao constatar o final da produção passada, naquela última cena que gerou ansiedade até o último minuto… e culminou em lágrimas.
Contudo, como em toda obra o final pode surpreender até mesmo os críticos mais experientes – o que não é o meu caso. Por isso farei questão de assistir cada detalhe até o último segundo, começando já no próximo sábado (29), no jogo do Beira Rio, em Porto Alegre. Mas farei sem expectativas, sem angústias e sem ansiedade. Aliás, farei somente porque acredito em uma das indicações preliminares do filme: “Ser Vitória é não jogar a toalha jamais”.