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Literalmente campeões!

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Não precisou se fazer presente no Barradão na tarde de ontem para notar a euforia das 37 mil vozes que ecoaram aos quatros cantos de Salvador, avisando que “o campeão voltou”. Outros milhões de rubro-negros apaixonados tinham a mesma sensação pelos cantos do Brasil e do mundo. Foi esplendido, mas não por causa do título em si, e sim por um sentimento genuíno do torcedor do Vitória.

Uma coisa óbvia relacionada ao futebol é que o time que ganha é admirado. O esporte é visto por muitos como um bem de consumo que, por ser de graça, dá a oportunidade de se escolher o melhor e desconsiderar o preço. Todo time quer ser o melhor e ter a maior torcida, só que pra isso precisa vencer, e pra vencer ele precisa de incentivo, investimento, patrocínio, coisas que aparecem com mais facilidade para manter quem já está no topo e quase nunca para erguer quem ainda está começando.

Não se pode negar que no Brasil para tudo há um jeitinho. Foi com essa prerrogativa que jogadores notórios dispensados das equipes da Associação Atlética da Bahia (ABB) e do Clube Baiano de Tênis fundaram o Esporte Clube Bahia e trouxeram para ele torcedores, incentivadores, patrocinadores e vitórias. Fundaram em 1931 um time profissional de destaque, que mal chegou e foi campeão. Uma manobra de sucesso que trouxe consequências até o final dos anos 80.

Todo bom entendedor de futebol (não clubista) sabe que o profissionalismo no esporte só se tornou uma realidade para o Vitória em 1953, e mesmo assim, demorou anos para se estabilizar. Era uma época em que o Bahia se destacava e superava os demais times soteropolitanos, como Galícia, Ypiranga, Botafogo e Leônico. Com toda essa expressão o rival conquistou dois títulos nacionais, 37 dos 44 títulos estaduais e uma infinidade de torcedores.

Nessa época torcer para o Vitória já era um verdadeiro feito de campeão. Parecia não haver lógica escolher como time do coração o que não ganha. Mas havia, o sentimento que move o torcedor rubro-negro: a paixão. Depois do Barradão e dos 6 títulos estaduais em 10 anos (1990 e 1999), mais pessoas tinham motivo para escolher o Vitória como time do coração. O que dizer então agora que o Leão da Barra levantou 10 dos últimos 14 canecos disputados na Bahia?

Somos literalmente campeões porque temos uma torcida loucamente apaixonada pelo nosso clube. Um sentimento racional e genuíno que não visou interesses, que não precisou de motivos, que passou por cima das provocações e sucesso dos outros, que não mede esforços para defender o patrimônio conquistado na base do suor, que sente o coração bater mais forte e vibra ao chamar o clube de seu.

Fica a análise do título de 2013 em forma de desabafo. E que ninguém ouse a minimizar essa conquista por conta da má fase do rival. A história não deixa mentir que foi em cima da nossa bad que eles fizeram nome. E digo mais, levantar o caneco é apenas um detalhe perto da realidade de estar dando mais um passo rumo ao topo. Porque ser Vitória é ser campeão.

Foto: Edson Ruiz / Gazeta Press


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