Só uma mudança mágica podia tirar o Vitória dos perigosos trilhos que levavam à segundona. Com 12 pontos, na zona de rebaixamento, e com um extracampo tumultuado, muitos torcedores já pensavam em jogar a toalha com apenas 16 rodadas de Brasileirão.
Mas aí, algo mudou na Toca do Leão. Agenor Gordilho assumiu interinamente a presidência e, com ele, veio o treinador-mágico-mito Vágner Mancini, que chegou para apagar o fogo e tentar solucionar os inúmeros problemas do Leão, dentro e fora de campo. Mancini foi peça central no quebra-cabeça que fez o rubro-negro ter os seus melhores resultados no ano no início do seu desafio.
Na chegada, Mancini fez diferente: começou a trabalhar o psicológico dos atletas, blindou os jogadores e pregou cuidado aos vazamentos que vinham ocorrendo dentro do clube. O resultado veio com rapidez. Atuação segura da defesa e um 0 a 0 contra o Cruzeiro, em Minas Gerais.
Na rodada seguinte, um começo de jogo arrasador fez o Vitória garantir o segundo triunfo em casa no Brasileirão. 3 a 1 na fraca equipe da Ponte Preta.
Se até então, a torcida ainda não acreditava, passou a acreditar. Contra o Flamengo, a equipe mostrou seu melhor encaixe graças à uma boa atuação com Ramon na frente de zaga, Yago pelas pontas e até mesmo com lampejos do jovem Neilton, que pouco mostrava nas rodadas anteriores. Um 0 a 2 bonito no Ninho do Urubu.
É bom lembrar que, praticamente junto com Mancini, foi contratado também o lateral-esquerdo Juninho, que segurou as pontas daquela posição, até então com as presenças sofríveis de Gefferson e Thallysson. No lado direito, o Sonic Caíque Sá também demonstrava o seu valor, que fora menosprezado pelos outros técnicos que passaram pelo clube.
Início de Returno e tropeço
Se a última rodada tinha sido de grande alegria para o Leão, o início do segundo turno trouxe tristeza para a galera rubro-negra. Apesar de produzir bastante em campo, o Vitória falhou nas finalizações e sofreu revés diante do Avaí, que em uma bola, garantiu o triunfo com gol de Junior Dutra. A partida marcou a estreia no profissional do jovem beque canhoto Bruno Bispo.
Leão Forasteiro e “shelpe” na coletiva
Mas, para quem pensou que as vitórias fora de casa haviam acabado com o fim do primeiro turno, bastou assistir as duas rodadas seguintes para aplaudir de pé as exibições fora de casa. Contra o líder Corinthians, a vitória com o gol do destacado atacante Santiago Trellez, a Capivara Colombiana, tirou a invencibilidade do Coringão e ainda rendeu um “shelpe” histórico na coletiva. “Shelpe” é uma resposta dura a uma pergunta pouco valorosa para quem foi indagado. Do dialeto baiano (sic). Perguntado por um torcedor (ops! jornalista) paulista se o Vitória só veio para jogar por uma bola, o treinador Vágner Mancini respondeu perguntando se o jornalista era corintiano e se havia realmente assistido o jogo, onde o Vitória criou boas chances e pouco sofreu defensivamente. Ao final, soltou a pérola. “Vocês precisam entender que o Brasil é muito grande”. Largou. A excursão fora de Salvador ainda rendeu mais uma vitória, desta vez contra o Coritiba no Couto Pereira. Gol do zagueiro artilheiro Kanu (ou Kanivis, para os baianos).
Rotina de tropeços
Mas a montanha russa rubro-negra continuava. No Barradão, o Vitória continuava a demonstrar que não sabia propor o jogo dentro do alçapão rubro-negro. Contra o Fluminense, a derrota só não veio no último lance, quando Kanu fez mais um gol e garantiu o empate por 2 a 2. Já contra o São Paulo, o jogo de casa cheia em Salvador frustrou muito a torcida rubro-negra. Além da derrota por 1 a 2, o péssimo desempenho e a volta para a penúltima posição do Campeonato irritou os torcedores. Ainda rendeu resposta de Éder Militão à Kanu, que disse que o Vitória ia atropelar os são-paulinos. Bola fora e muitos equívocos inclusive por parte do treinador Vágner Mancini neste certame.
Rotina de Robin Hood
Se, de um lado, o Vitória não se dava bem dentro de casa e perdia para equipes da parte de baixo da tabela, do outro, o Leão dava gosto em partidas fora de casa contra times que brigavam por posições lá em cima. Nas rodadas seguintes, 25ª e 26ª rodadas, o Vitória derrubou o Atlético-MG (1 a 3) e o Botafogo (2 a 3) em partida mágica que contou com uma virada gols dos reservas André Lima e do meia Danilinho nos últimos minutos.
A magia x o Barradão
Mas, novamente, a magia das partidas fora de casa não representava vitórias também no Barradão. E assim o clube amargou mais uma derrota. Desta vez contra o Sport, 1 a 2. A gangorra se repetiu novamente ainda no jogo contra o Santos, em São Paulo. Um 2 a 2 que bem poderia ser mais uma vitória, pelo volume de jogo do Leão. Já na noite do dia 19/10, o Barradão foi sede do seu jogo mais irritante. Estando com a partida nas mãos, o Vitória deixou o Atlético Paranaense virar e perdeu mais uma, 2 a 3. O Leão, assim, continuava na luta contra o rebaixamento. Graças ao pífios resultados no Barradão.
Capítulo 1: Sinval e o cofre aberto
Capítulo 2: Barco à deriva
Capítulo 3: Pior início no Brasileiro
Capítulo 4: Democracia, queda e eleição
Capítulo 5: A recuperação mágica
Capítulo 6: O efeito Barradão e o sufoco para permanecer