Em meio à turbulência interna que já se anunciava, mesmo com a conquista do Campeonato Baiano de maneira invicta, o Brasileirão de 2017 começou para o Vitória. Até ali, eram 30 partidas disputadas (Baiano, Copa do Nordeste e Copa do Brasil), com um aproveitamento superior a 76%. Tratava-se do melhor início de ano dentre as 20 equipes da Série A.
Apesar do sucesso nas finais do Campeonato Baiano, Wesley Carvalho retornou à função de auxiliar técnico – dias depois, Wesley acabaria sendo contratado pelo Palmeiras para assumir a equipe sub-20. Após a negativa de nomes como Carlos Amadeu, a cúpula rubro-negra, comandada ainda por Ivã de Almeida e Sinval Vieira, viu em Dejan Petkovic, contratado dias antes para exercer o cargo de gerente de futebol, o nome ideal para treinar a equipe no certame nacional, acumulando a função de team manager. Paralelo a isso, no extracampo, a parceria com a Topper se mostrava economicamente vantajosa, com a equipe estreando o seu novo uniforme no empate sem gols diante do Avaí, na abertura do campeonato. Num contrato de quatro anos, o lucro líquido do negócio passaria a ser inteiramente ao clube.
Os resultados iniciais no campeonato nacional não foram nada animadores. Nas quatro primeiras rodadas, o Vitória acumulou apenas o ponto da estreia, em Santa Catarina, sendo derrotado duas vezes em Salvador, diante de Corinthians e Coritiba. Ambas as partidas foram disputadas na Fonte Nova, já que o Barradão passava por obras de requalificação e instalação de novas catracas.
Na primeira sequência de derrotas no ano, mais uma troca no comando. No dia 3 de junho, Alexandre Gallo foi anunciado como novo treinador, assumindo a equipe na 5ª rodada – Petkovic retornou ao cargo para o qual fora contratado inicialmente. Logo na estreia do técnico, derrota para o São Paulo. A realidade agora era a lanterna do campeonato. O rubro-negro atravessava seu pior início na Série A desde a adoção dos pontos corridos, em 2003. Até então, a marca negativa vinha das temporadas de 2014 e 2016, quando havia somado quatro pontos a mais nos mesmos cinco jogos. Somando todas as competições, nenhum triunfo desde o fim de abril, na semifinal da Copa do Nordeste.
Era uma crise técnica estreitamente ligada ao caos político que se instaurava no clube. Ainda no fim do mês de maio, duas semanas após o início do Campeonato Brasileiro, Sinval Vieira entregou carta de renúncia ao cargo de diretor de futebol. O dirigente já sofria resistência no próprio Conselho Deliberativo, assim como Ivã de Almeida, eleito cinco meses antes. Atletas contratados sob grande expectativa não rendiam. Dátolo e Pisculichi, por exemplo, rescindiram antes da metade da temporada.
A primeira vitória viria exatamente no retorno do Vitória ao seu estádio, segunda partida sob o comando de Gallo. Um 2 a 0 diante da boa equipe do Atlético-MG se mostrava animador, ainda mais quando outros quatro pontos vieram nos dois jogos seguintes (empate contra o Botafogo, novamente em casa, e vitória diante do Sport, em Recife). Com sete pontos em quatro jogos após sua chegada, Gallo parecia se firmar. Parecia.
Os reforços seguiam desembarcando. Ainda sob a batuta do sérvio, Caíque Sá, Fillipe Soutto, Neilton e Yago foram contratados. Após a chegada de Gallo, vieram Carlos Eduardo, Danilinho, Wallace e, após longa negociação, o colombiano Santiago Tréllez. Depois de um curto período no exterior, o zagueiro Ramon retornava.
Após um empate no clássico e outra vitória fora de casa, diante do lanterna Atlético-GO, a equipe foi derrotada nas quatro partidas seguintes. Na penúltima delas, contra o Grêmio no Barradão, nem o treinador resistiu. O auxiliar Flávio Tanajura foi anunciado às pressas visando a partida que aconteceria três dias depois. Novamente em casa, o Vitória foi derrotado mais uma vez, agora para a Chapecoense. Já eram seis partidas consecutivas sem vitórias em seu estádio, além da décima derrota no campeonato.
O segundo turno se aproximava de maneira muito preocupante para o rubro-negro. Presente na zona de rebaixamento em praticamente todas as rodadas até aquele momento, e com 12 pontos conquistados em 16 partidas, a três pontos da lanterna, desta vez a diretoria precisaria ser certeira num nome para comandar a equipe.
Capítulo 1: Sinval e o cofre aberto
Capítulo 2: Barco à deriva
Capítulo 3: Pior início no Brasileiro
Capítulo 4: Democracia, queda e eleição
Capítulo 5: A recuperação mágica
Capítulo 6: O efeito Barradão e o sufoco para permanecer