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Série “A melhor base do Brasil” parte 4: um ataque cheio de problemas

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E chegamos à quarta e última parte da série “A melhor base do Brasil”. Os textos dessa série tiveram como objetivo reacender uma discussão que volta e meia surge em posts de facebooks, resenhas de baba e espera na fila para pegar cerveja no Barradas, que é tentar saber e entender os motivos dos nossos jogadores oriundos da base não conseguir repetir as atuações no profissional. Culpa dos jovens, do time ou da torcida, cada um tem sua parcela, logo vamos remediar isso. Mas vamos lá, hoje falaremos dos atacantes que participaram daquele time campeão da Copa do Brasil sub-20 em 2012, que é a geração que tomei como base para produzir essa série.

ATACANTES: depois da zaga, acho o setor que o Vitória mais produziu jogadores (e bons) desde a década de 80. Dentre eles podemos destacar Bebeto (surgiu em 1981 e voltou em 1997, depois de ser tetra pela Seleção Brasileira), Alex Alves (um dos destaques do “Brinquedo Assassino”, time de 1993), durante os anos 2000 surgiram Marcelo Moreno (na época chamado de Marcelo Boliviano), Hulk, Nadson, Alecsandro e Obina. E os mais recentes como Elkeson e Marquinhos.

Seguindo nossa referência (o time sub-20 de 2012), o ataque normalmente era formado por Agdon e Marcone. O primeiro não era muito famoso entre a torcida, apesar de jogar bem durante a Copa do Brasil sub-20 2012. Se nem fama tem, tampouco iria receber chance no time profissional né? Pois é, continuou em 2013 integrado ao elenco sub-20 e no ano seguinte foi emprestado para o Santa Rita de Alagoas. Ainda em 2014, se desligou do Vitória e foi levado por empresário para a Europa, onde até hoje joga pelo time B do Sporting Braga, de Portugal. Já o segundo jogava tanto de meia como de atacante e foi o artilheiro do time na Copa, com cinco gols e sequer teve chance no time profissional. Em 2013 foi emprestado ao Bahia de Feira, na negociação que envolveu a vinda de Rômulo, permanecendo em 2014. Infelizmente não sei onde se encontra (se no Vitória, no Bahia de Feira ou algum outro time).

Se os dois anteriores não tiveram chances no time profissional e foram titulares na maioria da campanha, os ditos reservas (ou que chegaram ao decorrer da competição) tiveram muitas chances no time profissional. Um deles é Alan Pinheiro, cotado para ser o centroavante do Leão por alguns anos, não correspondeu. Na base era um atacante letal, artilheiro em quase todas as competições que as categorias participavam, isso chamou a atenção o mesmo subiu: jogou campeonato baiano, Copa do Brasil, Brasileiro e não vingou de jeito nenhum. Por que um atacante com futuro não obteve sucesso? Podem haver algumas respostas, surgir culpados mas não entraremos em um senso sobre o motivo de não dar certo. Hoje ele é feliz na Terra do Nascente, artilheiro do Tokyo Verdy pela segunda divisão japonesa. Mas antes jogou pelo Ceará, Kawasaki Frontale (time atual de Arthur Maia) e ASA, ambos por empréstimo.

O outro destaque é polêmico. Willie. Tinha tudo pra chamar atenção dentro de campo, mas se destacou fora dele. Foi a sensação de 2012, tanto no sub-20 quanto no profissional e essa ascensão meteórica subiu-lhe à cabeça, o tornando “marrento” o que lhe custou sua saída da final no sub-20, depois de discutir com o técnico Carlos Amadeu. No profissional, manteve boas atuações o que lhe rendeu algumas alcunhas como “pequeno Balotelli” (tanto pela qualidade, quanto pela marra), mas alguns episódios que foram noticiados devido às suas noitadas  começaram a prejudicar seu rendimento. Em 2013 descobriu um problema cardíaco, uma arritmia, passando um bom tempo se tratando e quando voltou, não rendeu mais, apesar das poucas chances. Com as chances escassas, foi emprestado ao Vasco e se destacou, mas os problemas com as noites e companhias não muito boa, acabou voltando ao Vitória. Quando obteve a chance de voltar e se firmar, teve uma contusão “curiosa”: uma bolada nos órgãos genitais o tirou de campo por um tempo. O futebol decaiu, a fama de “barqueiro” o acompanhava em todo canto e a paciência com a torcida (houve episódios em que discutiu com torcedores nas redes sociais) já não tinha mais. Nesse ano, atuou pelo América-MG emprestado e agora joga pelo Atlético Goianiense disputando a Série B, também emprestado.

Willie é um dos casos em que mostra a falta de acompanhamento que o Vitória não faz com os meninos da base, com a transição para o profissional. O acompanhamento não deve ser somente técnico (e olhe que isso também deve melhorar) mas principalmente psicológico, mostrar que a pressão e a exigência serão maiores, além dos desafios em campo. A torcida também tem “deveres” nesse quesito: não colocar os jogadores da base como salvadores, que entrarão e resolverão os problemas em campo, lembrar que antes de mais nada são apenas garotos e isso requer paciência. Como uma criança, não deve-se criar expectativas demasiadas e tampouco pular etapas.

Agora, uma nova safra vem chegando com Nickson, Rafaelson, Gabriel e outros. Tanto o Vitória como clube e a torcida devem fazer seus deveres, cada um na sua. Não vamos queimar os meninos sem antes “crescerem”.


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