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Um trunfo em clássicos chamado Vágner Mancini

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A palavra técnico, muitas vezes usada em pessoas que têm certo conhecimento prático em determinada área, é costumeira no futebol, mesmo sabendo que muitos dos ditos não possuem capacidade para tal denominação. No Vitória, esse cargo fica com Vagner Mancini, querido por muitos, mas não por todos.

Mancini, diferente do que se vê hoje no Brasil, é um treinador estilo europeu. Estudou para melhorar e soube ouvir as críticas dos seus antigos trabalhos que não tiveram tanto sucesso assim. No Leão ele é quase que unanimidade, e conquistou isso com merecimento. Quem acompanha o clube e o seu dia a dia consegue enxergar essas qualidades.

O “professor” também é um exímio ganhador de clássicos. Há tempos não se via um comandante que passasse tanto respeito dos rivais, e isso é notório. De dez torcedores do Bahia, seis vão falar que o técnico é uma das armas do time rubro-negro para as finais. Desde que voltou ao clube, em 2015, ele ainda não sabe o que é perder um derby.

Mais do que isto: em todos os clássicos disputados desde o ano passado, o Vitória mostrou uma superioridade tática e técnica reconhecida.

No famoso 4×1 (com gols de Guilherme Mattis, Escudero, Rogério e Robert), o time não estava em um dos seus melhores momentos na Série B. Fora do G-4, a equipe precisava vencer para poder encostar na zona. O placar traduziu o que foi o jogo. Mancini simplesmente engoliu o rival com marcações nas saídas de bola e velocidade nos contra-ataques. Limitou as jogadas de um dos principais jogadores do Bahia naquela época, que era Pittoni, colocando Flávio para sempre acompanhar o paraguaio nas construções do time adversário. A velocidade de Rogério, que entrou no segundo tempo, e as investidas de Diego Renan e Diogo Mateus também foram fundamentais para a conquista dos três pontos neste duelo.

Já o 3×1 na Arena Fonte Nova, no segundo turno da B, o treinador surpreendeu colocando Vander de titular. Poucos entenderam na hora e até criticaram a decisão. Críticas que só fizeram aumentar após o primeiro gol do Bahia, aos 30 segundos de jogo. A expulsão de Kieza, que nesta época ainda defendia outras cores, foi um ponto fundamental para facilitar a virada, que aconteceu, mais uma vez, através de marcação forte no meio-campo e rapidez nas laterais. Diogo Mateus, hoje na Ponte Preta, participou dos dois primeiros gols. Diego Renan, após uma aula de toque de bola e de viradas de jogo, ampliou. A participação dos dois laterais resume o que o professor entende como futebol moderno.

O mais recente de todos, o 2×0 pela fase de grupos do Baianão, mais uma vez mostrou que Vagner Mancini não vai para um jogo desprevenido e estuda bastante o adversário. O torcedor não estava muito confiante, até pelo fato de não ter todas as peças disponíveis para aquele momento. Com certa pitada de sorte em ter naquele dia um Caique inspirado na sua estreia como titular, o treinador manteve o que fez nos clássicos anteriores que disputou. A marcação no meio fez com que o tricolor só tivesse como opções de ataque as laterais, que eram deficientes naquele momento com Hayner e João Paulo. O lateral-direito, por sinal, furou feio no primeiro gol e levou “nas costas” o segundo. No ataque, apesar das deficiências, ele soube aproximar na área os atletas de criação.

Se o Vitória vai reverter a vantagem do adversário e conquistar o Campeonato Baiano ainda não se sabe. O que se tem certeza é de que do lado de fora do gramado estará um profissional capaz de mudar a história deste duelo com os seus mistérios, diálogos, suas pesquisas e táticas.


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