Não tem muito tempo que li no excelente blog do jornalista André Rocha, que o campo pauta todo o resto. Essa frase foi utilizada no texto que falava de vários exemplos de crises que se resolveram quando a bola passou a entrar na rede.
Esse exemplo se encaixa perfeitamente no Vitória. Um time fragilizado no primeiro semestre. Troca de presidente, três eliminações no Barradão, torcida em crise, mas que se encontrou numa série B que tinha tudo para ser mais um vexame no ano de 2015.
A mudança veio em campo. A nova diretoria trabalhou sob uma chuva de críticas. Contratou peças que se tornaram fundamentais para recuperação técnica da equipe como Pedro Ken, Diogo Mateus, Diego Renan, Guilherme Mattis, mas acertou mesmo na mudança da comissão técnica.
Apesar do novo futebol pedir a permanência do técnico para a sequência do trabalho, o momento do Vitória não pedir Claudinei Oliveira. O antigo técnico fazia mais do mesmo, treinamentos sem a intensidade necessária e o time completamente desprotegido da pressão extracampo.
Foi preciso Vagner Mancini retornar a Toca do Leão para arrumar a casa. Méritos para Wesley Carvalho, que apesar de repetir a mesma equipe de Claudinei, tornou o jogo rubro-negro mais interessante. A torcida percebeu isso e comprou a briga.
Mancini vinha de um trabalho ruim no Botafogo. Na equipe carioca, o técnico encontrou uma equipe frágil e completamente abalada pelo extracampo. O resultado foi um rebaixamento.
Após um tempo longe da área técnica, Vagner retornou ao Vitória e colocou em prática aquilo que aprendeu na Europa e nos trabalhos anteriores ao time carioca: intensidade nos treinamentos, variação tática, boa bola parada e estudo do adversário.
Aos poucos, o Vitória foi entrando no eixo. Blindados, os jogadores passaram a render e a pressão foi diminuída. Aconteceram problemas durante a caminhada, mas o momento é ótimo.
Contra o Boa Esporte, o Vitória entrou em campo determinada a fazer o resultado. O gol de Elton aos 10 minutos tornou tudo mais fácil. Poderia ter ampliado ainda no primeiro tempo.
No segundo, o rubro-negro tratou de ampliar com Escudero aos 10 minutos e relaxou. Sofreu um gol num vacilo da marcação, mas segurou o triunfo.
Com 95% de chances de subir, o acesso está garantido. Por causa da luta e do trabalho de recuperação, o Vitória merece o título.
As várias cicatrizes deixadas pelo primeiro semestre tornaram esse time cascudo suficiente para brigar até o final. Junto com eles, tem 2 milhões de rubro-negros sedentos pelo caneco.