Muitas vezes é comum ouvir que o técnico mudou o jogo ou o técnico ganhou o jogo, ao fazer alguma alteração tática para reverter um resultado ou substituir um jogador. Porém, isso é muito pouco se comparado às culpas que são atribuídas aos treinadores diante aos maus resultados de uma equipe.
O perfil Blog do Carlão divulgou números interessantes: a quantidade de treinadores dos 20 clubes da Série A em apenas cinco anos. E o Vitória é o segundo nesse quesito com 14 treinadores nesse intervalo de tempo, junto com o Atlético-GO. Só ficam atrás do Coritiba, que teve 16 treinadores.
Se listarmos os treinadores de 2012 para 2017, temos os nomes: Toninho Cerezo, Paulo César Carpegiani, Paulo César Gusmão, Caio Júnior, Ney Franco, Jorginho, Ricardo Drubscky, Claudinei Oliveira, Vagner Mancini, Argel Fucks, Petkovic, Alexandre Gallo e os auxiliares que chegaram a serem efetivados como Ricardo Silva e Carlos Amadeu. O auxiliar Wesley Carvalho, apesar de ter comandado a equipe em algumas ocasiões, não chegou a ser efetivado, atuando somente como interino.
O ano de 2012 começou com Toninho Cerezo, depois com Paulo César Carpegiani e finalizou com Paulo César Gusmão, sendo que Ricardo Silva assumiu entre as trocas de comando. O ano seguinte foi o período com menos troca, sendo iniciado por Caio Júnior e finalizado com Ney Franco. Este último iniciou 2014, mas foi trocado por Jorginho. Antes, Carlos Amadeu foi interino pela primeira vez. Jorginho depois foi demitido e Ney Franco retornou.
Em 2015, mais trocas. O ano foi iniciado por Ricardo Drubscky, que ainda no Baiano foi demitido. Carlos Amadeu assumiu como definitivo, mas logo foi trocado por Claudinei Oliveira. Após resultados pífios no início da Série B, o auxiliar Wesley Carvalho assumiu interinamente até a chegada de Vagner Mancini. Em 2016, já na Série A, pelos maus resultados Mancini foi demitido e Argel Fucks assumiu.
Já nesse ano de 2017, estabeleceu-se a temporada com mais trocas de comando. Iniciado com Argel Fucks sem que ninguém esperasse, o Vitória vinha bem nos números, mas eliminações e mau desempenho culminaram em sua saída. Wesley Carvalho mais uma vez assumiu provisoriamente. Dias depois, o então gerente de futebol, Petkovic, o substituiu. Após alguns jogos no início do Brasileiro, o sérvio “se demitiu” do comando técnico e contratou Alexandre Gallo. Após turbulências nos bastidores, Gallo saiu junto com Petkovic e Vagner Mancini retornou pouco menos de um ano depois.
Isso dá uma média de aproximadamente três treinadores por ano no Vitória. Algumas questões precisam ser levantadas quanto a isso: é falta de planejamento? Falta de material técnico (jogadores)? Imediatismo por resultados? Ou simplesmente cultura do futebol brasileiro?
Cabe notar que, os times que mais trocaram de treinadores nos últimos anos, são os que hoje brigam contra o rebaixamento na atual edição. Corinthians, hoje líder, mantém o técnico desde o início do ano e só teve seis treinadores nos últimos cinco anos. O mesmo com o Grêmio, que ainda briga pelo título e é semifinalista da Copa Libertadores, além ser o campeão da Copa do Brasil 2016.
Os anos de 2014 e 2017 demonstram a falta de planejamento, amadorismo e o desespero das diretorias em culpabilizar o técnico pelos maus resultados e, por vezes, recorrer a antigos técnicos por “conhecer o clube”, como o caso de Mancini. Também mostra a parcela de culpa da CBF, em não ter uma estrutura para viabilizar cursos atualizados de gestão esportiva. A inexistência de leis que protejam os profissionais e a inércia da própria classe de treinador em não se unir e cobrar mais segurança no cargo tanto com a CBF, como entidade maior do esporte no país, quanto com os clubes.