Prezado presidente,
Não há como negar que a maior parte da torcida rubro-negra te apoiou e acredita em seu projeto. Não há como negar que você era um dos melhores nomes nesta disputa. Não há como negar que o Vitória precisa respirar novos ares e se tornar um clube visionário.
Ontem, ao presidente do Conselho Deliberativo Paulo Catharino anunciar a sua vitória, lhe tornando o primeiro presidente eleito diretamente pelo torcedor, a sensação que tive foi a de que nós, rubro-negros, jamais voltaremos a permitir tanto descaso e sofrimento adquirido em outras gestões.
Foi difícil, pelo menos para mim, engolir a nossa permanência na Série A por conta de um gol de outra equipe em um jogo do outro lado do país. Vivi pânico durante aqueles longos 7 segundos. Enxerguei meu time do coração fechando as portas, comecei a ouvir o deboche dos torcedores rivais, imaginei confrontos contra times de quase nenhuma expressão no inferno da Série B. Eu digo para o senhor, presidente, foi a pior sensação que tive nos meus anos de Barradão.
Enquanto muitos comemoravam o gol da Chapecoense, eu me revirava, sentado sozinho na arquibancada, sem camisa e sem acreditar no que estava presenciando. Foi um milagre. Deus, mais uma vez, ouviu as nossas orações e perdoou os nossos pecados em 2017.
Já que falamos de algo espiritual, acredito que nossos erros já estão chegando ao limite máximo de perdão do Divino, que é 70×7. Talvez os sete segundos que nos separaram da primeira divisão foram um sinal do céu sobre a nossa trajetória aqui na Terra. Deus e o próprio torcedor rubro-negro não permitem mais erros.
O clube ainda continua respirando por aparelhos, eu tenho certeza que o senhor sabe disso, mas a desorganização de outras gestões não pode ser desculpa para mais um fracasso. Aliás, eu prestei bem atenção ao seu discurso ontem após o pleito: “Não sou acostumado a perder, não vivo para perder”. Gostei, é assim que se começa um projeto. Me vi um pouco ali no senhor, pois a sede de vitória também faz parte do meu cotidiano.
E eu acho que todos os rubro-negros esperam isso, que o presidente seja como nós somos. Entenda o que sentimos na arquibancada, veja o que enxergamos nos bastidores, e faça justiça aonde existem falhas.
Aos demais votantes que escolheram não votar no senhor, peço que os mesmos levantem uma bandeira branca, deem um voto de confiança e sejam, antes de qualquer bandeira política, Vitória! O clube precisa dos mais de 900 que acreditaram em Ricardo David, dos 1800 que foram votar ontem e de todos que declaram amor a este clube. A eleição passou e agora é hora de limpar a sujeira e arrumar a casa.
Eu escolho dar um voto de confiança ao senhor, presidente. Eu escolho continuar sendo sócio torcedor, eu escolho continuar indo aos jogos no Barradão mesmo com todo caos para isso. Eu escolho ser Vitória independente de ideologia política.
Para encerrar esta carta, presidente, eu peço que o senhor entenda que não será fácil, mas que nunca torceremos contra, nunca vamos virar as costas para o nosso clube, nunca vamos trocar de camisa.
Queremos ter orgulho de vestir o nosso manto, queremos fazer valer o nome do nosso time, queremos voltar a ser o maior do Nordeste e ser temido por muitos que vêm jogar em Salvador.
Deus abençoe o seu caminho
