Prepara o vinho de preço baixo e qualidade duvidosa, pois se você achou que a raiva seria uva passa na comida e maçã na maionese, sinto dizer mas chegou a hora da Retrospectiva do Vitória. Relatos de dor e sofrimento abaixo.
O ano de 2018 começou como todos os outros: a esperança de uma temporada melhor que a anterior, sem sofrimento. E terminou como já nos acostumamos: sendo igual ou pior que a anterior, com o sofrimento maior ainda. As promessas encantadoras se tornaram ilusões vazias. Foi como pedir ao velho Noel uma bicicleta e ganhar um par de meias do Pateta: você não vai pedalar, você vai paletar.
Imaginei algo mas pensei duas vezes e daí percebi que o clube tava mais sem dinheiro que trabalhador voltando das férias depois do São João. Foi por estar sem dinheiro que o clube trouxe jogadores no fim de feira do São Joaquim. Negócio pior que xing ling: um alemão que tinha feito dois ou três jogos em 2017. Eu tinha mais minutos de baba do que ele, mesmo com um respeitável tanque de álcool preso ao meu corpo.
Isso sem falar em tantos outros com nome de “completa a sentença”, Pernalonga, renovações malucas, mantendo gente que deveria ter ido embora faz tempo e, mais do que isso: teimosia. Pior que menino dando show em shopping, onde a gente tem vontade de largar duas lá elas, mas não pode.
Tivemos coisas boas? Claro. As meninas que o digam! Futebol feminino mostrou um estrondoso profissionalismo, subiram pra Série A do Brasileirão e brocaram de cabo a rabo o Baianão. Mitosas demais. Outra coisa boa foram os meninos, como Lucas Ribeiro (Voa, Barata), Léo Gomes, Luan e o Sub-23. Atenderam o que pedimos: bota a base, cêro! E teve a Libertadoooores, do Beach Soccer no final, massa demais. O mesmo não podemos falar do fim da parceria de basquete: da promessa de transporte do Barradão pro ginásio de CajaCity, para o fim do time na NBB. Mas os caras são guerreiros e mesmo assim, sem o holofote de outrora, conquistaram o Baianão também.
E tivemos duas misérias, uma em cada semestre. A primeira, óbvio, aquele baVI de fevereiro. Aquilo se tornou pior que nódoa de caju em camisa branca na nossa história. Até hoje está tudo muito obscuro sobre o que aconteceu: Mancini falou? Recebeu ordem ou partiu dele? Veio de cima? Ninguém leu a porra do regulamento? Fernando Miguel saiu por causa do que ocorreu? Questões que filósofos e torcedores fazem, sem respostas.
A segunda começa já no pós-Copa. Me inventam um balaio após São João que parecia licor de tamarindo azedo: você vê que não presta, mas mesmo assim dá chance e experimenta. Me vieram Bou, o atacante sem gols. Maurício, o artilheiro de seis gols de Israel. Fabiano, da C direto pra A (um Fluminense da vida). Para só ser aprovado o menino cearense que veio só arrumar as malas, ficou e ajudou mais que meia dúzia que estavam aí.
Vocês lembram que muitos brasileiros, nos seus apartamentos, batiam panelas nas Varandas e janelas contra a corrupção e depois sumiram? Pois é, parece que todas estavam no vestiário rubro-negro. Peeeense na panelada. Até o experiente Carpê, todo comportado, foi derrubado numa rasteira por uma frigideira sem teflon e empurrado por uma de pressão sem borracha de vedar.
Tudo isso culminou em que? Óbvio. Na queda pra B. Com orçamento muito, mas muito reduzido. O ano de 2019 tende a ser pior que 2018. Por isso um conselho que até o velho Noel do Shopping de Cajazeiras daria: não crie expectativas. Mas claro que, esquecidos que somos, apaixonados por essas cores, no primeiro jogo do ano que vem, estaremos lá cornetando e comemorando com o desconhecido do lado.
Um Feliz Natal, um próspero Ano Novo e em 2019 nos vemos nas escadarias e cimento do Barradas.