Início Entrevistas Artilheiro de Ituaçu ao Japão: confira entrevista exclusiva com Neto Baiano

Artilheiro de Ituaçu ao Japão: confira entrevista exclusiva com Neto Baiano

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Artilheiro. Polêmico. Resenheiro. Matador. Essas são algumas das palavras que as pessoas, que conhecem Euvaldo José de Aguiar Neto, falam quando vem à mente. Aliás, poucos devem conhecê-lo pelo nome completo, mas basta falar Neto Baiano que vem aquele “ahh” de que lembrou.

O Arena Rubro-Negra conversou exclusivamente com o atacante sobre diversos assuntos. Começo da carreira, chegada no Vitória, artilharia, clássicos, torcida. E, como sempre, não fugiu de nenhuma pergunta.

DE ITUAÇU AO JAPÃO

“Sai de Ituaçu com 16 anos pra fazer testes. Quer dizer, saí mais novo pra vir no Vitória fazer teste, mas acabei não ficando. Depois André Catimba me levou no Grêmio, mas não deu certo lá. Aí voltei pra minha cidade, jogando um campeonato de lá mesmo, aí o empresário André Cury era casado com a filha de Benito Gama, deputado e da minha cidade, me viu jogar e sugeriu eu fazer um teste na Juventus de Javari, em São Paulo. Fui, tinha uns empresários de Mirassol no meu treino, acabaram vendo e me levaram pro Mirassol. De lá, graças a Deus as coisas acabaram acontecendo.”

Neto tem passagens, além do rubro-negro, por: Mirassol, Mogi Mirim, Paulista de Jundiaí, Bragantino, Athletico-PR, Palmeiras, Fortaleza, Ipatinga, Ponte Preta, Goiás, Sport, Criciúma e CRB. Há também o JEF United e Kashiwa Reysol, os dois do Japão.

Portanto, o artilheiro faz parte dos jogadores baianos que iniciaram a carreira longe do Estado:

“Faço parte desse grupo. Na verdade, em todo lugar, e aqui na Bahia também é difícil o cara da terra dar certo no começo, acontecer e jogar no clube da sua cidade, sua região.”

PRIMEIRO CONTATO COM O VITÓRIA

“Primeira passagem foi em 2009, aí saí e fui pro Japão. Todas as passagens minhas aqui no Vitória, graças a Deus, só dei frutos pro clube, em questão de gols e financeiramente. Toda vez que fui emprestado, o Vitória foi bem remunerado. Da mesma forma que eu chegava, fazia muitos gols e ia embora de novo. Espero que esse ano possa repetir e até melhorar em relação das outras passagens.”

Neto Baiano chegou em 2009 com 26 anos e conquistou o Campeonato Baiano, marcando gol na final.
Foto: Divulgação / EC Vitória

São quatro passagens pelo Barradão: em 2009, foi emprestado ao JEF United-JAP e retornou em 2011. Em 2012 foi novamente para o Japão, dessa vez vendido ao Kashiwa Reysol. Retornou, contrato livre, em 2015.

Ao todo, foram 144 jogos e 85 gols marcados. Recordista de gols pelo Barradão, 53 no campo sagrado, Neto Baiano está próximo de consolidar ainda mais seu nome na artilharia rubro-negra. É o oitavo artilheiro da história do clube e faltam poucos gols para alcançar alguns ídolos.

Ramon Menezes, o eterno Reizinho da Toca, tem 88 gols e está na frente de Neto e é o sétimo da lista. Didico, da década de 60, tem 89 gols. Outro ídolo, conhecido por Neto e toda a torcida, é o atacante André Catimba com 90 gols e está em quinto.

“Ramon e André Catimba vão ficar pra trás, isso eu tenho certeza. Se eu não fizer seis gols aqui no Vitória, eu tenho que tomar uma surra. Isso aí eu tenho em mente, quero superar não só eles, mas quanto mais jogadores, será melhor. Sei que tem 150 gols o primeiro, algo muito difícil de superar em uma temporada, ainda mais o meu contrato se encerra em março, mas vou trabalhar pra chegar o mais longe possível.”

E A APOSENTADORIA?

“Não tenho meta não. Quando eu me enjoar disso aqui, que já tá perto porque o futebol hoje tá uma merda, hoje tá sem graça. Quando eu perder a vontade, perder a graça do futebol, que não fizer mais bem, eu paro.”

No histórico jogo de 2012, entre Vitória e ABC, Neto fez três gols na arrepiante virada, pela Copa do Brasil.
Imagem: Reprodução / Youtube

Resenheiro nos clássicos por onde passou, Neto também comentou sobre a decisão do Ministério Público da Bahia, em manter torcida única em jogos de BaVi.

“Eu acho que é uma maneira de preservar a vida [decisão da torcida única]. Violência tá demais. Futebol é lugar de alegria, não é lugar de morte, de um matar o outro. Eu acho errado torcida única, tem que ter as duas, mas com respeito. Acho que as medidas que a justiça tá tomando é tentando preservar a vida, muitas estão perdendo a vida por causa da camisa e isso não faz parte do futebol.”

“Tem que ter a resenha. Fiz uma aposta com Souza, grande atacante que passou pelo Vitória, num BaVi. Fizemos a aposta e graças a Deus eu ganhei.”

Em uma entrevista para o Globo Esporte BA, o artilheiro comentou sobre o momento da dupla BaVi e falou sobre o rival estar num momento acima. Foi o suficiente para iniciar a polêmica.

“Esses dias dei uma entrevista, dizendo que o Bahia tava na frente do Vitória e o cara só reprisou essa parte (risos). É a mesma coisa de eu ganhar 200 mil e o cara ganhar 50, quem tem que estar na frente fazendo gols sou eu, mas não necessariamente que vai ser assim.”

E Neto explanou:

“Não é porque o Bahia tá na primeira divisão que o Vitória vai perder. Tem muitos time que nem Série tem e ganham. São coisas que a gente fala, em respeito, mas a obrigação sempre de ganhar são aqueles que estão acima de divisão, não em relação a camisa.”

Na última passagem pelo Barradão, o clima em campo estava pouco semelhante ao dessa temporada: clube rebaixado para a Série B no ano anterior e o presidente sendo contestado e alvo de protestos. O artilheiro comentou sobre a diferença da situação daquele ano e hoje:

“Em 2015 eu tava bem dentro de campo. O Vitória não tava passando hoje nas questões extracampo. Hoje o futebol do clube tá muito dividido politicamente, mas isso não tenho nada a ver, o que mais importa é dentro de campo. Em 2015 eu fui muito bem, saí daqui como artilheiro, houve questão extracampo que acabou me atrapalhando um pouco.”

Em sua passagem por 2015, Neto teve sua saída do clube meio conturbada.
Foto: Arena Rubro-Negra

Ainda no ano de 2015, Neto chegou a se desentender com o diretor de futebol do Vitória na época: Anderson Barros. Esse desentendimento ocasionou sua saída do clube.

“Extracampo modo de dizer, tem nada a ver com cachaçada ou noitada, mas foi algo entre eu e um diretor do Vitória, acabamos não se dando bem no trabalho, mas fora sempre tivemos um respeito muito grande, não é meu amigo, mas tenho respeito. Acabou eu tendo que sair pro bem do Vitória. Preferi abrir mão de minha casa, de estar com minha família aqui pra não ficar afastado e trazendo um problema maior pro Vitória. Porque eu tenho certeza que se eu ficasse aqui afastado, no momento que o Vitória estava, a torcida iria a meu favor. Pra não haver essa desavença entre torcida e clube, eu preferi me afastar, tirar um pedaço de mim e ir embora pra outro clube, que era da Série B também. Tive proposta da Série A, do Avaí na época, mas acabei indo pro Criciúma, de tanta raiva que eu tava no momento, de como saí daqui, que eu queria jogar contra o Vitória. Mas faz parte, hoje novo ano, novas conquistas e espero em Deus que possamos ter muitas conquistas esse ano.”

“Eu quando entro em campo pra defender a camisa do Vitória, eu posso estar um ano sem treinar, sem correr, sem nada, pois minha vontade vai além de tudo que eu tenho e que não tenho. Tenho que me doar ao máximo, quando eu não aguentar, eu peço pra sair. Mas quando entro com essa camisa aqui, me dou ao máximo, faço de tudo pra fazer gol, faço de tudo pra trazer a vitória pra esse clube que eu amo, pra esse clube que eu torço, faço de tudo.”

PREPARADO PRO BAVI?

“Já nasci pronto. Quando der 10 de março, já tô pronto é pra amanhã já pra jogar, pra qualquer equipe e não só BaVi. Mas o BaVi é um jogo diferente, gosto de jogar clássico, onde as coisas acontecem, então espero estar pronto e poder jogar e ajudar o Vitória com o resultado positivo.”

“Quando a torcida começa a gritar lá em cima ‘nêgo, nêgo’, eu me arrepio dentro de campo.”

GOL MAIS IMPORTANTE

“Na final de 2009, contra um adversário aí”

JOGO MAIS IMPORTANTE

“ABC, dos três gols”

GOL MAIS BONITO

“No Sport, do meio de campo contra o Botafogo. Teve o do Kashima também, os dois foram do meio de campo.”

MELHOR ZAGUEIRO CONTRA

“Pra mim, um dos melhores zagueiro que joguei contra, no Bahia e jogou comigo no Palmeiras, foi Nem. Pra mim um dos melhores que vi jogar e foi um pecado não ir pra Seleção.”

MELHOR COMPANHEIRO DE ATAQUE

“Que jogou comigo aqui no Vitória teve vários. Mas gostava de jogar demais com Marquinhos,inteligente e a gente se entendia em campo.”

INSPIRAÇÃO NO FUTEBOL

“Tem vários, mas minha inspiração foi Romário, era um cara que sempre admirava no futebol.”

RECADO PARA A NAÇÃO RUBRO-NEGRA

“Que venha comparecer ao Barradão. Esqueça esse negócio de política. Se associe, que o clube tá precisando. Esse momento é o de ajudar o clube, que tá precisando, da gente estar unido e lotar o Barradão. A gente precisa da torcida, precisa que o clube cresça mais, que já é grande, pra gente ter mais sócios. Com sócio a gente vai crescer, com sócio a gente vai poder contratar, vai fazer muitas coisas. Peço que o torcedor compareça, lote e não só em BaVi, mas que venha em qualquer outro jogo. Que eles ajudem a gente, que precisamos dele. Sem a torcida do Vitória, não tem graça.”


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