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Tai, uma joia rubro-negra: conheça um pouco mais sobre a zagueira das Leoas

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O futebol se mostra desigual em muitos aspectos, seja a diferença de orçamentos financeiros, de técnica dos jogadores e prestígios. Isso fica mais latente quando falamos do futebol feminino. Seja financeiro ou prestígio, a diferença é muito grande ainda.

Só que a vontade e a paixão pelo futebol podem ajudar a superar isso. É dessa forma que uma joia rubro-negra vê e a cada dia trabalha com esse pensamento. Entrevistamos Tainara Silva, ou Tai, ou até mesmo Tá. Tão simples quanto o apelido.

Candanga de nascimento, agora já pode se considerar baiana. A pouca idade, 19 anos, esconde a maturidade e consciência que transmite através das palavras, assim como em campo. Zagueira com técnica apurada, também atua como volante, basta ser chamada.

Sua história começou como a de milhares de crianças que sonham em jogar:

“Comecei a jogar com os meninos em escolinha, na rua, em projetos, essas coisas simples de início de todo jogador, todo atleta. Fui participando de algumas coisas como futsal, mas sempre com os meninos, não tinha um grupo de meninas. Logo em seguida montaram uma equipe feminina no futsal, isso em Brasília mesmo. Nisso fui crescendo na modalidade, mas eu já tinha um conhecimento de Seleção Brasileira e clubes maiores, coisas que eu já visava desde cedo, mas nada em específico da ideia da grandeza que é representar mesmo.”

A técnica apurada e a simplicidade nos pés é igual nas palavras. A idade esconde a maturidade e consciência em saber o que quer.
Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória

Prestes a completar a maioridade, Tai chegou nas terras baianas:

“O tempo foi passando, fui me aprimorando mais, buscando entender, estudar, buscando outros meio para estar exercendo o futebol, participei de algumas competições em Brasília. Até que fui rodando, cheguei na Bahia pro São Francisco do Conde e agora no Vitória.”

No Barradão, Tainara encontrou a equipe recém rebaixada para a Série A2, a segunda divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino. Chegou para a disputa do Baiano, mas o principal objetivo era o acesso para a Série A1.

“Foi uma coisa muito bem trabalhada, não foi simples ou algo que aconteceu da noite pro dia. Foi um processo longo, vindo de uma pré-temporada no Campeonato Baiano, que a gente não conseguiu e pesou muito na gente. Mas a gente entendia e compreendia a responsabilidade que era retornar o time para a Série A, foi mais que uma obrigação nossa, de fato. Porém, foi uma expectativa muito alta, a gente queria isso, buscou isso, sonhamos com isso. Trabalho, equipe, o coletivo nosso foi muito bom na Série B.”

Vindo do São Francisco do Conde, Tainara logo se destacou na equipe de Grillo e se tornou peça importante.
Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória

No dia 17 de março inicia o Brasileirão Série A1 e o Vitória estará, após o acesso invicto jogando em casa. Tainara comentou sobre a expectativa das Leoas na disputa:

“Sabemos que não será uma competição fácil. A gente tirou pela Série B, pelo próprio rebaixamento que a nossa equipe teve. A gente sabe que o nível é muito mais alto, estamos trabalhando bem, com os pés no chão. Sabemos que não somos favoritas ao título, não vamos ser negligentes em falar que somos, porém a gente trabalha como todas as equipes, a gente estuda e analisa,  vê a que nível estamos e a que nível queremos chegar.”

“O que a gente espera, não só eu mas o coletivo, que é o forte nosso, a gente vê o Brasileiro como desafio enorme em se manter e, quem sabe mais à frente, pensar na conquista de um título.”

SELEÇÃO BRASILEIRA

” A Seleção é o sonho de todo atleta. Todo atleta quer chegar na principal, mas todo atleta tem que entender que tem que trabalhar muito pra chegar lá. É isso que eu quero, tenho mais um Brasileiro aí, tenho apenas 19 anos. Vou trabalhar, esperar minha oportunidade e quando tiver vou agarrar com todo compromisso e responsabilidade.”

RECONHECIMENTO DO FUTEBOL FEMININO

“Eu acompanho a Seleção Feminina desde que entendo no futebol. É um orgulho muito grande ver a Globo fazendo essa transmissão, dando esse apoio e moral ao futebol feminino, é coisa que a gente sonha. Eu fico muito feliz, é um marco na história no futebol feminino e a gente só tem que agradecer.”

“Mas lembrando que não foi algo conquistado da noite pro dia, foi um trabalho de gerações passadas e que, nós da geração futura, temos que agradecer muito por isso, porque elas abriram portas para que a gente chegasse nessa etapa melhor.”

PRECONCEITOS E MACHISMOS

“Pra ser sincera, o preconceito existem de diferentes formas, não só pelo machismo. É claro que não sei bem como o masculino vê o feminino. Mas acredito eu que, vivo isso, não muda muita coisa. A responsabilidade é a mesma, não tem essa história de frescura aqui, dor ali. Futebol sempre é a mesma coisa, eles correm 90 minutos e a gente a mesma coisa, inclusive os acréscimos. Então única coisa que o masculino tem hoje a mais que o feminino, com toda a certeza, é a questão salarial. O resto o feminino dá e toma de conta.”

Com passagens pela base da Seleção Brasileira, a joia rubro-negra espera seguir os passos das inspirações da seleção principal.
Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória

DIFERENÇAS?

Tainara não vê tanta diferença entre o futebol masculino e feminino.

“O trabalho é o mesmo, a tensão é a mesma. Eles buscam resultados, a gente busca também. Eles buscam excelência, a gente busca também, os parâmetros são os mesmos. É claro que eles, por terem mais vivência no futebol, têm mais estrutura, tem mais capacidade física, que é algo científico. Mas na questão de igualdade de desenvolvimento, querer, poder, as mulheres tem também.”

RECADO PRA NAÇÃO RUBRO-NEGRA

“A torcida fez um espetáculo brilhante aqui na Série A2 e foi algo marcou muito a gente, pois entrávamos em campo com disposição muito maior pelo fato da torcida estar acompanhando. Eu peço que o torcedor rubro-negro esteja acompanhando, a gente sabe da dificuldade que se encontra o masculino, porém a gente sabe que também temos um desafio muito maior e que o apoio da torcida é sempre importante.”


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