Templo do futebol brasileiro, o Maracanã, foi construído para a Copa do Mundo de 1950 e desde seu primeiro ano, é famoso por um fiasco. Afinal, a Seleção Brasileira, de Zizinho, Barbosa, Maneca e Ademir de Menezes perdera naquele ano o título mundial para o Uruguai no imponente estádio, com quase 200 mil pessoas presentes nas arquibancadas. Desde então, o Estádio Jornalista Mário Filho, que virou casa dos grandes clubes cariocas como Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco da Gama, conviveu com a importante chaga do Maracanaço.
Longe dali, o Esporte Clube Vitória, que só havia enfrentado clubes cariocas nas visitas destes para a Boa Terra, chegou a pisar pela primeira vez no velho Maraca em julho de 1960. Mesmo com um bom escrete, não foi possível para o Leão vencer o Flamengo, que naquele dia ganhou o amistoso por 5 a 1. Eles se enfrentariam ali novamente em 1972, desta vez, com o Flamengo tendo uma vitória magra por 1 a 0, e com a ocorrência de outros campeonatos nacionais, ficou frequente os jogos entre ambos os clubes na Bahia e no Rio de Janeiro.
No Maracanã, o Vitória já havia tido um memorável triunfo em 1976 contra o Fluminense formado por Rivelino, PC Caju e outros mais. Porém, contra o Flamengo, somente em 1988 isso foi possível. Naquele ano, o Brasileirão era chamado de Copa União, e foi disputado por 24 clubes. Com uma campanha bastante dividida entre vitórias, derrotas e empates, o Leão da Barra se safou do rebaixamento, e a campanha ficou marcada pela renomada vitória diante do time carioca.
Naquele 27 de novembro de 1988, mais de 10 mil pessoas estiveram no Maracanã e viram Zico cobrar faltas que Robinson defendeu sem sustos, enquanto Bebeto, nada conseguia fazer no ataque. Sem Ghiggia ou Schiaffino, coube ao Vitória conseguir um passe do uruguaio Doroteo aos 35′ da etapa final, para Hélio Maluco partir em uma arrancada deixando um defensor flamenguista se espatifar no chão ao tentar puxá-lo. Nem mesmo o goleiro Cantareli, que saiu para dar o bote na meia-lua da grande área, conseguiu parar o atacante paulista que jogou a pelota direto paras as redes e selou a vitória mais simbólica do Rubro-Negro baiano naquele campeonato.
Mesmo sem ser um Maracanaço, os flamenguistas não engoliram a derrota que os colocava na última colocação do Grupo A, e pediram a saída do técnico Telê Santana. Ainda no extra-campo, Zico e o volante Bigu, do Vitória, conversaram sobre uma possível greve dos jogadores de futebol por conta das férias para os atletas. Antes do jogo, o time da casa ainda emprestou duas camisas para o banco de reservas do Decano. Mas no fim das contas, o sutil 1 a 0 foi digno para que a temporada para o Leão pudesse acabar no dia 18 de dezembro, livre do rebaixamento na Copa União e com a memória da primeira vitória no velho Maracanã.
Interessado em saber mais sobre a história rubro-negra? Adquira o livro Memórias do Esporte Clube Vitória! Entre em contato via @memoriasdoecvitoria no Instagram e @MemoriasDoECV no Twitter.
