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É hora da base?

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Onze horas do dia 11 de janeiro de 2015. Enquanto me dirigia para a sala de imprensa do Barradão com Marcello Góis, refletia sobre o jogo-treino entre Vitória e Leônico. Sabia que o nível do adversário não ajudava, mas as apresentações de Guillherme, Maracás, David e Wellington me deixaram esperançoso. Léo Ceará eu já conhecia da base e sempre gostei do perfil dele.

Na coletiva, Drubscky explicou que não queria um novo centroavante e Léo Ceará seria a primeira opção caso Neto Baiano não jogasse. Daquele dia até a estreia do Vitória na SuperCopa, em boa parte das entrevistas de Drubscky, Anderson Barros e Carlos Falcão, quando perguntados sobre o aproveitamento da base, reproduziam um tipo de mantra como um aviso para a torcida, mas que servia como uma mensagem de autoconvencimento deles: paciência, tempo e oportunidade.

O tempo passou, o Vitória só conseguiu um terceiro lugar na SuperCopa, mas Léo Ceará, Maracás, David e Wellington foram derrotados. O primeiro perdeu um gol dito feito, embora o goleiro do Náutico tivera feito uma grande defesa, e foi substituído no intervalo; o segundo nem foi para o torneio, apesar de ter começado os dois jogos-treinos; e os outros, bem, os outros foram alvos da experiência.

Léo Ceará deu uma bela assistência para o gol de Vander no triunfo contra o Moto Club, mas não foi suficiente. Também foi alvo da experiência. Em uma semana, a diretoria contratou Jorge Wagner, opção para a vaga de David, e está prestes a anunciar Élton, Luiz Gustavo e Rhayner, todos para as vagas de Léo Ceará, Maracás e Wellington. Triste sina!

Pela segunda temporada seguida, a diretoria de futebol apontou o aproveitamento das categorias de base como opção no começo da temporada, porém não sobreviveram mais do que o Campeonato do Nordeste. Em geral, faltam paciência, tempo e oportunidade para os garotos, que, invariavelmente, perdem a posição para um jogador mais experiente.

O processo seletivo dos jogadores da base no Vitória é mais difícil do qualquer vestibular de medicina ou até do que a corrida dos espermatozoides para fecundar o óvulo. É preciso agarrar uma única oportunidade e sobreviver às críticas, vaias e as “apostas” mais experientes da diretoria. Em caso de sobrevivência, se torna um ativo precioso para venda. Sim, os jogadores da base valem mais para o ganho financeiro do que para ganho técnico.

Não considero a hipótese de um elenco totalmente jovem. Seria tão temerário quanto o atual planejamento da diretoria. O ideal seria o modelo adotado pelo Veléz Sarsfield. Dos 32 jogadores do elenco, 20 foram formados nas bases. Os 11 forasteiros são jogadores para dar suporte aos jovens, e em posições que não têm atletas jovens. Ou seja, a prioridade são jogadores formados no clube. O modelo argentino mostra que é possível fazer verdadeiras fortunas com jovens e formar times fortes.

Isso é planejamento a longo prazo: acreditar na formação e bancar nos momentos de dificuldade. Seria possível no Vitória? Temo que não. Talvez seja uma utopia em terras baianas, mas deixo a minha sugestão.

Foto: Divulgação/EC Vitória


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