Vitória Cidadania: conheça o projeto social rubro-negro

Um Barradão com dezenas de crianças, de todas as idades e tamanhos, sorridentes e brincando alegremente. Poderia ser a imagem de mais um domingo de jogo, ou dos mascotes ao entrarem em campo com os jogadores. Mas essa imagem acontece todos os dias e tem um nome: Vitória Cidadania.

O projeto social foi criado em outubro do ano passado, idealizado pela multicampeã de futevôlei Manny Gleize, com o espaço cedido pelo Vitória, com o intuito de ajudar crianças carentes da região do Barradão. O projeto não tem a ver com o convênio acordado entre o clube o Governo do Estado, em 2009, com o nome de “Vitória da Cidadania”, que entre outras ações previstas, estavam a construção de quadras e estacionamentos na região de Canabrava.

Idealizadora, coordenadora e “mãezona”, Manny fala da sua motivação em iniciar o projeto: “Eu fui uma criança pobre, não tinha nada, então me vejo também como cada uma delas. Tirá-las das ruas e dar uma oportunidade delas socializarem com outras crianças, ter uma atividade e alimentar os sonhos.”

Sonhos é algo que não falta dentro do Vitória Cidadania. Sonho como o do pequeno Jonathan, de nove anos, morador de Canabrava e do pequeno Igor de 11 anos, morador do Calabetão. Ambos já se dizem jogadores de futebol e querem jogar pelo Vitória, no Barradão lotado e gritando seus nomes. O que alimenta ainda mais o sonho, quando vê em frente os meninos que fazem parte da base de futebol do rubro-negro, treinando ali pertinho deles.

O Vitória Cidadania nasceu com a finalidade de ajudar as crianças dos arredores do estádio, como foi dito acima. A Prefeitura viu o potencial do projeto e fez um pedido ao clube para abranger crianças de outras localidades, firmando assim uma parceria em que o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) de Salvador encaminham crianças tidas como vulneráveis para o projeto.

O projeto hoje acomoda cerca de 200 crianças de 6 a 17 anos. Todas elas recebem transporte e refeição enquanto estão no Complexo do Barradão. Residentes em bairros da periferia da cidade, além da situação econômica baixa, muitas delas não convivem com os pais, sendo criadas por avós e parentes. Ou somente com um dos pais. Isso faz com que elas não tenham um clima propício para uma educação saudável, tampouco para brincar.

As atividades são divididas em dois períodos e atualmente em quatro modalidades de esportes, cada um com um professor da área, para ensinar os fundamentos básicos. Erick cuida das crianças no vôlei de praia, Eduardo no vôlei de quadra, Jeferson no futsal e Ary no basquete. Todas as atividades são realizadas nas quadras inauguradas em 2016.

O professor Ary já jogou basquete e ensina os fundamentos básicos e as regras do esporte. O tio do goleiro Caíque, nascido e criado em Cajazeiras, hoje é “pai” de muitas crianças e falou sobre o projeto, a sua importância além do esporte:

“Aqui é ensinado a você lidar com seus pais em casa, seus amigos aqui, ser cortês e ter educação, porque muitas vezes os pais trabalham e não tem aquele tempo para dar uma boa educação aos filhos, então aqui a gente faz o papel de pai, a gente chama, conversa. Então eu peço que eles vão bem na escola e aqui também, por que não adianta ser um bom esportista sem uma boa educação. Ele pode nem ser um jogador de basquete, de futebol ou vôlei, mas será uma pessoa de bem.”.

Atualmente, o projeto estuda ampliar o número de vagas, devido a procura de famílias e o próprio CRAS para encaminhar mais crianças. Além disso, é estudado também a implantação de outros esportes, como o futevôlei, onde a idealizadora Manny Gleize conhece muito bem.

O Vitória Cidadania está aí e pretende crescer ainda mais. Aumentando ainda mais a força do esporte como objeto fundamental para a formação de cidadãos na sociedade como um todo. A socialização e a luta para diminuir a desigualdade e dar oportunidades às pessoas, principalmente crianças e adolescentes, de sair das ruas e das mazelas que são oferecidas nas ruas. Oportunidades de vislumbrarem um futuro melhor, através do esporte.