Em 1964, o Vitória travou com a imprensa baiana uma de suas maiores batalhas. Foi a partir daquele ano que o Rubro-Negro iniciou uma pugna com os Diários Associados na pessoa de seu presidente Ney Ferreira que resultou em boicote midiático ao Leão. Enquanto isso, o Campeonato Baiano estava próximo de terminar e ainda não havia campeão, que acabou sendo definido apenas em maio de 1965 devido aos gols do atacante Itamar e da jura do goleiro Ouri.
Ourivaldo Manoel dos Santos foi um dos principais arqueiros do Vitória. Na mesma década em que o Decano teve nomes como Zé Carlos, Wilson Góes e Detinho, Ouri se destacou devido a conquista do Baianão de 1964. Ele já havia defendido o Galícia de 1953 a 1960 e iniciou no Leão da Barra em 1961, ano em que conquistou com o clube o Torneio Início.
Nas finais do Campeonato de 64, o Vitória havia vencido o Bahia por 2 a 1 na primeira partida com gols de Didico e Reginaldo. O rival deu o troco no jogo seguinte vencendo também por 2 a 1 e forçando uma terceira partida, onde o atacante Reginaldo ficou de fora para dar lugar a Itamar. Conta-se que diante deste quadro, aconteceu que em uma madrugada daquele mês, Ouri encontrou na semana da decisiva partida, Edinho, artilheiro do Bahia, e disse: “Escuta aqui, se você entrar na área eu vou te quebrar com bola e tudo pra você nunca mais jogar futebol”.
O fato aconteceu em uma rua do Pelourinho, em uma madrugada chuvosa, onde o jogador tricolor se escafedeu pensando que seria agredido por Ouri e outros homens. O atleta correu no centro, dentro do vento de maio e no dia da final, o Vitória venceu novamente por 2 a 1, com Itamar balançando as redes. O Bahia só marcou com Mário, enquanto Edinho que não havia feito gol em nenhuma das finais, mais uma vez passou em branco.
Ouri só deixou o Vitória em 1966, vencendo o bicampeonato baiano – de 1965 -. Ele ainda defendeu as camisas do Fluminense de Feira e do Botafogo-BA antes de se aposentar.