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José Alberto… o Dendê

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“Quem quiser vatapá/Que procure fazer/Primeiro o fubá/Depois o dendê…” os versos do compositor Dorival Caymmi dão os caminhos para se fazer um bom vatapá. Do jeito que o baiano gosta. No futebol, os caminhos são até parecidos. Como uma boa culinária da Boa Terra, o Vitória serviu a sua fiel clientela – a torcida rubro-negra – um prato típico da casa, recheado de Dendê. Senão o azeite, o atacante que por cerca de três temporadas defendeu as cores do Vitória em campanhas locais e nacionais.

José Alberto Vasconcelos da Silva nasceu em Alagoinhas no dia 26 de maio de 1953. ‘Batizado’ por um tio com o apelido de Dendê por conta da cabeleira ruiva, foi assim que tratou de ficar conhecido nos gramados, desde quando ganhou seu primeiro par de chuteiras enquanto trabalhava de feirante para ajudar a mãe. Começou a jogar profissionalmente no Atlético de Alagoinhas. Em seguida teve também uma curta passagem pelo Bahia, mas foi pelo Flamengo que chamou a atenção do Vitória, que foi ao Rio de Janeiro fechar a sua contratação. Mesmo sabendo que naquela altura o Leão vivia uma crise financeira, o atacante voltou para a Bahia encarando 1700 km de estrada num Chevette.

Foi em 1977 que iniciou sua trajetória no Vitória. Atacante ponta-de-lança ele viu o companheiro Marciano, também recém-chegado do Flamengo marcar na estreia conjunta deles contra o ex-clube. Se na equipe carioca ele enfrentara dias de reserva, no rubro-negro baiano chegou com a condição de titular. E foi se firmando. Em campo fazia o papel de apoiador, marcando seu primeiro gol numa derrota para o Sergipe no Brasileirão daquele ano.

Dendê em disputa de bola com Douglas num BaVi da década de 70.

No período no Vitória chegou a ser sondado pelo Belenenses de Portugal. O negócio não se concretizou, mas o atacante pode respirar outros ares em excursão feita pelo Leão para a Arábia Saudita e para a Grécia em outubro de 1978. Titular em todos os seis jogos, saiu de lá com uma expulsão em campo no jogo contra o Olympiakos. Por conta disso o técnico Aymoré Moreira o dispensou do compromisso seguinte no Baiano, diante do Atlético de Alagoinhas. Dendê aproveitou a folga na cidade natal, onde o jogo aconteceria, tendo uma divertida noitada. No dia da partida, ao passar no vestiário, o treinador Aymoré certo de que sua presença no confronto seria importante decidiu relacioná-lo. Mesmo alegando não ter condições de jogo, Dendê entrou em campo contra o seu ex-clube. Naquela tarde de domingo, o Vitória venceu o Carcará por 2 a 1 com gols de Zé Júlio e Joel Zanata, e dois passes açucarados de Dendê, eleito o melhor jogador em campo.

Como dito no começo, Dendê é parte da receita. Em 1979 o Vitória formou um time de ponta que deu gosto pra torcida. Atuando junto a Sivaldo, Sena, Wilton e outros tantos. Numa memorável goleada por 6 a 1 contra o Fortaleza ele marcou dois gols, sendo um deles o da virada. Édson Silva havia marcado o primeiro, e os demais foram feitos por Sena em duas oportunidades e Geraldão em uma. Foi com essa boa formação em campo que o Vitória terminou o Brasileiro daquele ano em oitavo, a quinta melhor campanha do clube até hoje na competição. Pelo Brasileirão do ano seguinte, esteve em outra goleada memorável, a maior do Vitória em competições nacionais, um acachapante 8 a 1 contra o América-RN na Fonte Nova. No sexto gol, sua tabela com o meia Valder resultou no gol de Pita. O sexto da contagem rubro-negra.

Em 1979, o ponta foi peça fundamental no elenco rubro-negro que terminou em 8° no Brasileiro.

Dendê deixou o Vitória ainda em 1980 com um retrospecto favorável como ponta, temperou bem por três longos anos o ataque do Decano. Transferiu-se para a noviça equipe da Catuense onde passou boa parte da década de 80. Em seguida teve passagens por times como o Leônico, o Lagarto-SE, e por fim encerrou a carreira no Atlético de Alagoinhas.


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