Um carro sem peças: a oficina de desmanche no Vitória

“Então é Natal… E o que a gente fez? O ano termina e começa outra vez”, tão irritante quanto a música se tornou no imaginário popular, é a angústia de saber que, o ano será o mesmo do passado em se tratando do Vitória.

Ao escrever esse texto, tentava encontrar palavras sensatas em meio à tristeza e fúria que dominava minha cabeça. Só vinham palavras que destruiriam qualquer ceia de Natal, relacionadas à atual diretoria do Esporte Clube Vitória. Por isso, respirei muitas vezes, meditei, bebi e enfim as palavras vieram saindo.

Vamos relembrar um pouco: o primeiro semestre de 2015, quer dizer, aquele desastre que foi o começo de 2015. O ex-presidente Carlos Falcão se viu obrigado a renunciar. Tivemos as eleições diretas e um novo presidente: Raimundo Viana. No começo todos criticaram, principalmente pela sua idade mas ele sabia como conquistar a torcida, bastava alfinetar o rival e ganhar um BaVi. Conseguiu! E de “Mun-Rá’imundo”, se tornou o “Mundico”, querido por todos, tendo até perfil nas redes sociais para enaltecer o “presidente da massa”. A fama foi tanta que o perfil causou problemas até com os jogadores, mas não falaremos disso por enquanto, isso cabe em outra conversa.

Pois bem, veio o segundo semestre e, mesmo com alguns problemas, o acesso veio, apesar de alguns não levarem muita fé. Meu colega André Reis fez um texto criticando a diretoria pelo amadorismo de sempre, foi mal interpretado na época, mas a verdade é que meu nobre colega recebeu algum caboclo do futuro e nos revelou de quem seria a culpa (clique aqui). Agora estamos assistindo ao que eu chamo de “desmanche”: na oficina Barradão, os mecânicos Matos e Viana pegaram o carro Vitória, começaram a desmontar e vender as principais peças e não repor. Um carro pode andar sem retrovisor, sem pisca, até sem volante se adaptar algo em seu lugar, mas ele não andará de jeito nenhum sem motor. E é isso que a diretoria está fazendo: desmanchando o motor do Vitória e sem se preocupar se o cliente ficará satisfeito ou não (nesse caso, a torcida).

A atual diretoria disse que as negociações para a renovação da base do time de 2015 seria logo em dezembro. Mas parece que a base para eles se resume a Fernando Miguel, Diego Renan e do técnico Mancini (tenho até pena dele em 2016). Não desmerecendo eles, mas e os outros tão importantes quanto? O estopim veio com a não renovação de dois dos principais jogadores: Rhayner e Escudero. O primeiro já foi anunciado pela Ponte Preta e o segundo já foi oficializado por um time mexicano (Puebla). Demorou um dezembro todo para renovar com apenas dois? Nem no Banco Imobiliário temos essa demora.

Por falar em negociações, a diretoria fez questão de manter tudo em segredo da imprensa e do torcedor. O pouco que se sabia era pelos empresários e sempre falavam que o empecilho partia da diretoria. Dívidas passadas (do mesmo povo que vem alternando no poder a 10 anos, diga-se de passagem) e os lemas de “não entrar em leilão”, “manter os pés no chão”, “não fazer loucuras”, estão impregnadas nas falácias deles. Afinal, é difícil saber o que eles querem se não falam conosco. Aliás falam: “seremos protagonistas em 2016”. Onde? Num filme de horrores que nem 2014 ou coisa pior?

Contratações? Olhe meus caros leitores, amigos e acima de tudo, torcedores que nem eu: dessa diretoria, espere sempre o pior. Um grupo que não valoriza a torcida não merece nunca nossa gratidão. Não são capazes de manter sequer um grupo de jogadores. Jogadores esses que demonstraram e mostraram que queriam ficar, muitos ainda querem, mas o modo como as negociações estão sendo conduzidas principalmente pelo vice-presidente Manoel Matos (o diretor Barros é um Michel Temer né? Decorativo) é que está emperrando tudo.

Já estou me preparando para um começo de 2016 muito difícil, pior do que 2015. Os prognósticos não são dos melhores. A melhor coisa esse ano talvez nem tenha sido o acesso, mas o pontapé iniciado pela AGE. As eleições diretas vem sendo uma realidade dentro do Vitória e nós, torcedores (sócios ou não) temos que fazer coro para mudanças drásticas nessa gestão. E uma dica para a atual: o Vitória é maior que qualquer jogador, assim como é muito maior do que qualquer um dirigente mas podem colocar seu nome na história (assim como nosso hino), para isso acontecer, ouça a torcida.

PS: Usei a mesma imagem que ilustra a matéria do colega André Reis, aqui do Arena Rubro-Negra também.