O clássico BaVi do último domingo, realizado na Arena Fonte Nova, serviu de evento teste da Fifa para a Copa das Confederações, que começa no dia 15 de junho. Este colunista, que não é da comissão organizadora mas esteve presente no jogo, pôde analisar questões logísticas relacionadas ao estádio, como também lições para o time do Vitória que entrou em campo e para a torcida que não lotou as arquibancadas.
Fui um dos muitos torcedores que chegaram duas horas antes da partida para tomar a velha cervejinha (com álcool) do lado de fora. Não havia sanitários químicos nos arredores dos portões Norte do estádio (Ladeira da Fonte). Assim, a polícia teve trabalho para conter os mijões, que por falta de opção recorriam ao crime do xixi na rua.
Juntamente com a turma da cervejinha, decidi entrar no estádio faltando mais ou menos 15 minutos para o apito inicial do jogo. Muitos colocaram a culpa em nós por conta da imensa e desorganizada fila que se formou na entrada do portão Norte 1 e chegou quase ao início da Ladeira da Fonte. Mas na verdade, a funcionária da Arena Fonte Nova que berrava no megafone tentando organizar a entrada não explicou que havia currais de acesso pela parte de baixo da ladeira. Resultado: pegamos fila (debaixo de chuva) pra nada, já que pelo curral não havia complicação.
Ouvi relatos de que a ausência de sanitários químicos se repetiu nos arredores dos outros portões, mas não a desorganização para entrada. Pelos portões Leste e Sul, tudo ocorreu em ordem. Já do lado de dentro, filas para a lanchonete e até para o banheiro foram problemas (recorrentes) durante o intervalo da partida. Funcionários da Arena falharam (de novo) ao permitirem que torcedores estacionassem nas escadas, bloqueando o trânsito de tantos outros.
Dentro de campo, um Vitória arrasador sufocou o Bahia durante todo o primeiro tempo, marcou dois gols e parecia ter definido a partida. Mas voltou mal para o segundo tempo, meio sonolento e talvez até achando que o jogo estava ganho. Sofreu um gol em uma jogada que durante toda a segunda etapa levava a torcida à beira da morte: a bola aérea na área. O árbitro Jaílson Macedo Freitas não fez uma atuação de destaque. Deixou de advertir várias faltas duras, não marcou um pênalti para o Bahia e validou o gol de mão do zagueiro Titi. Mas não comprometeu.
Quem se comprometeu mesmo foi o Bahia. Humilhado em campo, a equipe ridicularizou e revoltou seus torcedores. A maior organizada do clube retirou sua faixa antes mesmo do intervalo, enquanto a outra virava a sua de ponta a cabeça. No auge da revolta, eles atiraram suas “caxirolas” no campo de jogo, fato teve repercussão mundial e pode trazer sérias consequências, tanto para o Bahia, tanto para o futuro do instrumento musical.
Reafirmo o que ando dizendo por aí em rodas de discussões: a entidade máxima do futebol não conseguirá implantar no Brasil um padrão europeu para o futebol. Primeiro porque a definição correta seria impor uma cultura sobre a existente – que é tradicional e já faz parte do senso comum dos torcedores. Refiro-me a tudo que disse no texto; a cervejinha, a falta de sanitários químicos, a fila (tanto pra entrar tanto para usar os serviços do estádio), a falta de educação (ou de opção) dos mijões e pessoas na escada, e por aí vai. Mas como dizem por aí, esse papo já foi muito discutido.
Foto: Robson Mendes, Jornal Correio*