Início Outros esportes Basquete Com negociações emperradas, Universo/Vitória pode deixar de existir em 2018

Com negociações emperradas, Universo/Vitória pode deixar de existir em 2018

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Iniciada em 2015 como um audacioso projeto em um esporte não muito popular no Brasil, a parceria entre a faculdade Universo e o Esporte Clube Vitória poderá se encerrar de maneira um tanto quanto triste. Problemas que afetaram a relação institucional entre ambos vão além da questão financeira.

Para o diretor-executivo da Universo, Marcelo Falcão, em conversa exclusiva com o Arena Rubro-Negra, a postura da atual direção do clube é o principal responsável pelo iminente fim do projeto.

“Em uma parceria as partes precisam estar alinhadas no mesmo objetivo. Não pode ser só bom para uma parte. Recebi a determinação de encerrar todos os contratos, sem renovar com ninguém [atletas e comissão técnica]. Isto pode ser um indicativo do fim do projeto”, revela.

Entenda o caso

Na época em que foi firmado o acordo, a Universo responsabilizou em custear a folha salarial da equipe, entre atletas e comissão técnica, enquanto o Vitória cedeu a marca e a estrutura para tratamento de lesões, com o apoio dos profissionais de saúde do clube. Após o fim da primeira temporada, onde o time foi além das expectativas, chegando aos playoffs, um novo contrato foi constituído, exigindo ao rubro-negro maior participação no acordo, como a disponibilidade da academia do clube, por exemplo – a equipe treinava em uma academia de Salvador através de uma parceria.

Foto: Divulgação / EC Vitória

E deu certo. Na temporada seguinte a equipe chegou ao terceiro lugar no Novo Basquete Brasil, fato que impulsionou mais uma renovação de contrato, realizada em julho de 2017, com prazo até maio de 2018. Na oportunidade, o presidente em exercício, Agenor Gordilho, garantiu que o Vitória arcaria com 100% da folha salarial da equipe, montante que ficou definido em 10 parcelas de aproximadamente de 35 mil reais.

A partir daí o acordo desandou. Somente as duas primeiras parcelas foram pagas e o repasse entre setembro/17 e maio/2018 não foi cumprido. A Universo assumiu o débito e até o momento aguarda um posicionamento do clube, sendo este um dos principais entraves para a renovação do contrato.

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Inquieto com a situação, o diretor executivo da Universo, Marcelo Falcão, fala com tristeza quanto ao desenrolar do caso.

“Enviaram uma proposta sem qualquer condição de aceitação, a Universo nem respondeu. O dinheiro acertado foi 100% [da folha salarial] da equipe. Se o Vitória não paga, a Universo tem de honrar os compromissos de qualquer forma. Não tiveram sensibilidade para entender isso, infelizmente… Então não é somente a questão de fazer proposta, é a questão de honrar compromissos”, bradou.

Marcelo levantou também o apoio da torcida e a consequência negativa que o fim do projeto pode trazer. “Construímos um projeto muito legal, fizemos história. Amo a torcida, ela deveria ser mais respeitada. Minha maior tristeza é como ela é tratada. Esta, sinceramente é a minha maior perda, amo minha torcida e tenho um respeito gigante por cada um deles. Isso será o pior, tudo que construímos, a relação maravilhosa que temos. Quero nem pensar nisso”.

Foto: Tiago Caldas / Arena Rubro-Negra

Questionado quando a um suposto interesse do EC Bahia em substituir o Vitória na parceria com a Universo, Marcelo foi impreciso.

“Temos contrato com o Vitória e é ele que me importa. Mas imagino que qualquer um clube ou instituição em sã consciência se interesse por um projeto esportivo que dá mais visibilidade nacional que o próprio futebol. Só esta temporada foram 15 transmissões nacionais e 9 regionais, em TV aberta e no Sportv. Entenda que não estou falando de Premiere (canal fechado por assinatura). Qual clube de futebol do Nordeste tem tanta visibilidade nacional? Conseguimos isso no basquete.”, argumentou.

Universo e Vitória reuniram-se apenas uma vez após a eleição de Ricardo David. O presidente do Leão foi procurado para responder as questões, mas não atendeu as ligações do Arena. Em entrevista anterior, publicada no início de abril, David afirmou que “é preciso que que convênio com o basquete seja auto-sustentável” e que estava “negociando um modelo em que busquemos conjuntamente esses recursos especificamente junto com o basquete”. O contrato entre as instituições se encerra no dia 31 de maio.

 


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