No último domingo o torcedor do Vitória mostrou mais uma vez que não abandona o time. Foram mais de 28 mil pessoas presentes no Manoel Barradas para apoiar o Leão neste momento difícil da Série C do Brasileirão. O Vitória, no entanto, para além do resultado negativo em campo, deu outras demonstrações de que não está pronto para retribuir a torcida. E uma delas é o próprio Barradão.
Faz 35 anos que o Santuário foi inaugurado e, desde então, vive de remendos, provocados, em sua maioria, por força de exigências legais ou por ações de marketing. Um dado simples que evidencia as mudanças no estádio é a capacidade de público, que já passou de 50 mil pessoas no final dos anos 1990, caiu pra 45, 35 e agora é 30 mil. Adequações forçadas por segurança, por legislações como o Estatuto do Torcedor e pelo aumento gradativo do setor de cadeiras.
O fato é: hoje o Barradão não comporta 30 mil pessoas com um mínimo de conforto e eficiência. Não somente por uma questão de espaço, pois este é facilmente solucionável, mas por questões de infraestrutura. Em jogos de público médio, a partir de 15 mil pessoas, as catracas, caixas, bares e banheiros do estádio mostram-se saturados. O resultado, no fim das contas, é uma péssima experiência para um torcedor que já não possui a rotina de frequentar os jogos. Contribui para afastá-lo.
Ao longo dos anos diferentes gestões pensaram em soluções. A maioria concentrada em levar o Vitória para outra praça esportiva ou na construção do que eles chamam de ‘arena’ no lugar do Barradão. Nenhuma gestor apresentou um projeto simples de readequação do Santuário, sem grandes custos. Nenhum gestor sequer ouviu o torcedor, que não cansa de declarar amor ao estádio assim, do jeitinho que ele é.
Agora voltemos à realidade. O Vitória está na Série C do Brasileirão, afundado em dívidas. Nenhum projeto para o estádio pode ser priorizado agora pela gestão do clube. Mas isso não impede que o Conselho Deliberativo crie uma comissão para discutir o assunto, afinal, trata-se de um patrimônio que deve ser valorizado independente da situação do time.
Passaram-se dois dias do atentado, ainda sem entender que surto coletivo foi esse no Barradão. Tinha gente até no barranco, meus amigos pic.twitter.com/bYyaly2NMi
— Caique Marques (@ique_marques) June 7, 2022
Entretanto, neste momento onde a presença do torcedor é indispensável, há pontos fáceis de serem solucionados para melhor atender os rubro-negros. Por exemplo: observou-se, no domingo, a tradicional ocupação das escadas e do morro ao lado da Capela por torcedores que não conseguiram chegar nas arquibancadas. Ao mesmo tempo em que eram vistos clarões no setor das cadeiras. Um problema antigo, que entra na lista de soluções urgentes que sugiro a seguir:
– Reduzir emergencialmente o setor de cadeiras, claramente inutilizado, devolvendo o espaço nas arquibancadas para o torcedor;
– Ampliar a oferta de banheiros, caixas e bares — mais banheiros químicos e bares em gazebos, ou até aluguel (ouvi parceria?) de contêineres;
– Negociar promoções reais de bebidas e massificar campanhas para atrair o acesso do torcedor com antecedência e evitar as filas nas roletas;
– Criar informativos para o torcedor sobre as diversas formas de acesso ao estádio, sobretudo de transporte público, a fim de reduzir o trânsito na Av. Mário Sérgio — Seria possível usar a área já terraplanada para a Academia de Futebol como estacionamento para o sócio ouro, com acesso pela Regional e EVA, ajudando a desafogar a Av. Mário Sergio.
Essas e outras sugestões que irão surgir mediante a circulação deste texto devem ser levadas em consideração pela diretoria, por se tratarem de investimentos simples e que podem trazer grande retorno de arrecadação, e sobretudo por ser instrumento de participação do torcedor, o visto cliente, o usuário do estádio e principal prejudicado com a ausência de adequações ao Barradão.
O Santuário é a maior paixão do torcedor rubro-negro. Sem dúvidas nos sentimos em casa em suas arquibancadas ao longo dos últimos 35 anos. Mas até em nossas casas a gente investe um pouquinho para ter um pouco mais de conforto. Esperemos isso do Vitória.