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RESISTIR É PRECISO. VIVER NÃO É PRECISO

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Nem bem a brisa de Amaralina me recuperava da ofegante peleja de ontem à noite no Beira Rio e a Moça do Shortinho Gerasamba, mais inconveniente do que o marqueteiro do mordomo de filme de terror, invade o muquifo com novas e ultrapassadas inquietações.

“Sêo Françuel, eu já tô com saudades de Mancini”, falou, quase sussurrando.

Não acredito no que ouço e solicito repeteço.

Aflita, como deve ser toda boa palhaça das perdidas ilusões, a indigitada manda o replay com acréscimo. “Tô com saudade de Mancini porque não suporto retranca. Mesmo ganhando, se todo jogo acontecer esta agonia, este Argel vai estropiar minhas maltratadas pontes de safena. O time jogou recuado, como há muito tempo não jogava, o senhor não viu isso, não?”.

Com minha tradicional paciência para com as angústias da criatura, balanço a cabeça positivamente. Num suspiro aliviado, ela se virou de lado e tentou até dormir (beijos, Geni). E eu comecei o pronunciamento.

Sim, minha comadre, vossência tem toda razão. Argel armou um esquema retrancado. Acredito que ele não pode nem deve continuar assim. É preciso ousadia. Espero que ele inove. E, na próxima peleja, articule um esquema tático diferente. Mesmo tendo iniciado o trabalho agora e com vitória fora de casa, entendo que ele deva sair da retranca e ir para algo diferente…uma inoxidável retranca, um ferrolho, tipo com SEIS zagueiros.

Antes que ela fizesse aquela carinha de indignada de fila de banco, informei logo que, tanto no grave momento do Brasil quanto do Vitória (o que dá no mesmo), o ideal é fechar a porteira para não ser vazado. É, primeiramente, nenhum direito a menos. E, na espinha mole, ir dando umas estocadas nos poderosos.

É óbvio que sempre fui adepto do utópico jogo moleque, mas creio que agora não cabem firulas nem tergiversações. É todo mundo junto fechando a zaga e correndo em cada bola como se fôssemos pedreiros após um dia de labuta, com carteira assinada (beijo, CLT).

Garantida esta fase, o time então pode seguir o conselho do mais extraordinário técnico dos 18 continentes, o fabuloso Cambuizinho, da Sociedade Esportiva de Irecê. Qual seja. “O time tem que abrir e fechar igual a tesoura e subir e descer como o Elevador Lacerda”. E foda-se se podemos morrer de falta de fôlego. Agora, resistir é preciso. Viver não é preciso.


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