Ser decisivo em campo é uma característica forte de muitos jogadores e ex-craques que estiveram no futebol baiano. Ganhar uma partida por 1 a 0, às vezes pode até ser comemorado explosivamente como uma goleada quando a partida em campo é tensa até o primeiro balançar de redes. Com muitos desses placares, comuns até no futebol de hoje em dia, o Vitória foi feliz. Em fins da década de 70 o clube tinha em seu plantel o ponta Sivaldo, que não precisando cumprir o papel de exímio artilheiro – a equipe tinha Sena – em boas oportunidades dava sua contribuição generosa em campo.
Sivaldo Bairral Cosendy nasceu em Santo Antônio de Pádua no Rio de Janeiro em 17 de dezembro de 1954. Sua carreira no futebol porém começou a ser constituída na Bahia, onde começou no Atlético de Alagoinhas. Com uma passagem pelo São Cristovão-RJ, ele chamou a atenção do Vitória já em 1977 quando jogava no Botafogo-BA. Seu primeiro gol pelo clube aconteceu na segunda partida do Brasileiro, num empate fora de casa diante do América-RJ. Foi em 1978 porém que Sivaldo firmou-se no ataque rubro-negro. Nos seis primeiros jogos da competição, marcou em quatro deles, o sexto, uma prova de seu poder de decisão. BaVi válido pela primeira fase do Campeonato Brasileiro onde o tento marcado pelo ponta foi o gol salvador, ali o Vitória encerrava um jejum de dez jogos oficiais sem vencer o clássico, que durava desde meados de 1976.
O resultado foi fundamental e o clube passou de fase na competição raspando. A ida para a terceira fase não foi muito diferente, novamente apertado o clube se classificou, o 1 a 0 de Sivaldo e cia. contra o Goytacaz numa das últimas partidas foi novamente salvador. Em 1979 a parceria de ataque com Sena continuou a todo vapor. Com o apoio de Joel Zanata o time estava embalado no Campeonato Baiano. Num dos BaVi’s da competição, véspera do aniversário do presidente tricolor Paulo Maracajá, era Sena quem dava à imprensa o gosto das provocações com declarações em que dizia que iria fazer gols em homenagem ao cartola rival. Em campo porém, quem marcou foi Sivaldo num lance acrobático em que de cabeça definiu o placar final da partida. 1 a 0. Na ocasião, houve confusão em campo, com Beijoca, do Bahia, sendo controlado por policiais.
Com tantas alegrias dadas aos rubro-negros, Sivaldo não esperava porém pelo baque que sofrera na fase final. Nos três jogos decisivos contra o Bahia – Bahia 2 x 1 Vitória, Bahia 0 x 0 Vitória e Bahia 1 x 0 Vitória – ficou de fora do campo. Assistindo ao primeiro deles diretamente das arquibancadas da Fonte Nova, o ponta mostrou-se extremamente magoado com o técnico Aymoré Moreira que sequer o escalou para o banco de reservas. Uma falta que talvez justifique o resultado das finais que deu o título ao arquirrival.
A parceria Sivaldo, Sena e Zanata perdurou pelo resto do ano de 1979 na boa campanha que o Vitória fez no Campeonato Brasileiro. O ponta ainda atuou pelo Brasileiro de 1980 e pelos primeiros jogos do Baiano daquele ano, onde marcou seu último gol com a camisa vermelha e preta, num 3 a 1 contra o Humaitá. Dali, partiu junto com o goleiro Gelson para o Flamengo, onde passou o restante do ano. Nos anos seguintes, atuou em clubes como o Galícia, Volta Redonda e Leônico, e pendurou as chuteiras em 1986.
Sivaldo faleceu em 18 de dezembro de 2018, deixando o desporto baiano de luto. Era querido nos círculos rubro-negros, por muito tempo teve passe livre no Barradão. Deixou na história do futebol da Boa Terra a mágoa de um atleta que cercado pela própria torcida, viu de longe do campo, como se fosse um anônimo a perda de um título baiano que lapidou nos longos meses de 1979. Um fato que guardara consigo por muitos anos. Teria seu decisivo futebol sido capaz de mudar o curso da história?