Na valorosa história do futebol, muitos atletas tiveram a honra de marcar aqueles gols salvadores, tornando datas comuns momentos ímpares para torcedores e atletas. É por um destes grandiosos casos que responde Tadeu Macrini, atacante rubro-negro da década de 80, que em um breve fim de semana tornou-se recém-casado e salvador de um elenco que batalhava por classificação.
Francisco Tadeu Macrini é paulistano. Nasceu na capital paulista em 26 de novembro de 1952 e foi na própria Pauliceia que deu pontapé a sua carreira no futebol. No tradicional Juventus da Mooca foi revelado e em seguida jogou nos tricolores São Paulo e Fluminense. Defendeu outras três camisa ainda nos anos 70 antes de chegar a Toca do Leão em 1980 como uma das novas peças do elenco. E foi durante o Campeonato Baiano que vieram suas primeiras aparições com gol. Marcando em dois jogos seguidos diante de Humaitá e Galícia. Mais tarde, outros gols no certame, Redenção, Flu de Feira e até o gol único numa vitória sobre o Bahia que garantiu o título do segundo turno do Baiano para o rubro-negro. Mas calma, esse ainda não é o gol salvador. Embora tenha sido um deles.
Na finalíssima diante do Galícia deu o esperado. O Leão anotou 1 a 0 com Paulo Maurício de pênalti, mas a torcida estava tão efusiva que invadiu o gramado antes mesmo do jogo terminar. Um dos alvos? Tadeu Macrini, que passou cerca de 40 minutos de sunga no gramado. Como ele mesmo conta, “foi uma loucura”.
– Tiraram o calção, a camisa, a chuteira, a meia e depois tiveram que devolver tudo, pois o jogo ainda não tinha acabado. – disse o ex-atacante. – O juiz apitou uma falta e acharam que era pro final do jogo. Depois demorou mais de 40 minutos pra voltar, foi uma loucura. – completou.
Sem mais reações descomedidas da torcida rubro-negra, o juiz seguiu o jogo que já tinha um vencedor e um campeão. A festa se estendeu com o restante do elenco indo até a Igreja do Bonfim em comemoração ao título.
O gol de protagonista de Tadeu ficou para o ano seguinte. Em 1981 o Vitória dava sua nova empreitada no Brasileiro, a época, denominado Taça de Ouro. Tadeu havia marcado um único gol na boa campanha que o clube fazia, numa derrota e 2 a 1 para o Colorado. Na segunda fase porém, o time buscava não arriscar perder a classificação para a fase final. Num grupo povoado por Fluminense, Portuguesa e Paysandu, o Decano buscava se garantir como classificado ao invés de conquistar a última vaga como fizera na fase anterior.
É foi em meio a isso que na última rodada o Vitória recebeu na Fonte Nova a equipe da Portuguesa, para quem havia perdido por 2 a 1 nos jogos de ida. A classificação era incerta, a presença de Tadeu Macrini descartada em virtude do atleta ter se casado no dia anterior ao jogo. No dia do confronto, o atacante compareceu as vistas do clube para poder desejar sorte aos colegas. Lanzoninho, técnico rubro-negro, mudou de ideia quanto ao indulto de Macrini e o escalou para o jogo sem mais nem menos fazendo-o ficar por ali.
Tadeu alegava não ter condições de ir a campo, e assim permaneceu no banco durante todo o primeiro tempo e boa parte do segundo. Nas cabines de imprensa, o narrador Silvio Luiz contestava a ausência de Macrini na titularidade, e sabendo do seu casamento ainda chegou a brincar na transmissão: “O Tadeu casou e não me chamou?”. Enquanto isso, Lusa e Leão se engalfinhavam em campo. O 0 a 0 não servia pro time da casa. Eis que aos 28 do segundo tempo, Lanzoninho escalou Tadeu Macrini para o campo de jogo. O atacante foi levando jogo mesmo na ressaca, eis que aos 48′ Zé Augusto dribla Daniel González e cruza pra área. De cabeça, Tadeu Macrini estufa as redes levando o Vitória de fato a fase final da competição. Festa geral na Fonte Nova. Em menos de 48 horas, o paulista foi de casado a salvador da pátria para os rubro-negros
O Vitória por sua vez decaiu nas oitavas-de-finais pro futuro campeão, o Grêmio. Tadeu, ainda naquele 1981 voltaria a atuar no futebol de seu estado, pelo São Bento. Dois anos mais tarde aposentou-se no Nacional, clube da capital.