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Tenho problemas psicológicos causados pelo meu time

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Londrina 3 X Vitória 1. Que banho de água fria.

Mesmo que às vésperas do jogo tenha viralizado um meme ironizando a naturalização do sofrimento que é torcer pelo Leão, alguns de nós estavam claramente iludidos. Vínhamos embalados pela vitória que parecia acachapante contra o Criciúma e pela chuva, só podia ser de bênçãos, que lavou a alma dos abnegados que ousaram ir ao Barradão às 21:30h naquela sexta-feira chuvosa.

Por outro lado, outros tantos continuavam com um pé atrás, pelo menos da boca para fora. “Calma, gente, foi só um jogo bom”. “Loss ainda é o técnico”. “O elenco continua horrível”. Mas internamente todos nós nutríamos a esperança de que alguma chave tivesse sido virada naquele dia e as palavras de Capa no vestiário fossem uma verdade incontestável. “A gente não perde mais, quando a gente não ganhar, a gente empata. A gente sempre tem que levar uma fatia do bolo pra casa”. Ô, infeliz, nos iludiu mais que o crush.

Foi tanto post emocionante de jogador, torcedor entoando louvores na arquibancada, o já tradicional áudio do nosso Presidente (risos), desta vez elogiando o técnico e Ramon, antes carrasco, agora alçado ao posto de herói. Tá vendo que ele sabia o que estava fazendo? Quem não sabe são os torcedores, nas palavras do nosso dirigente, “incautos, ignorantes, que não sabem nada de futebol” (sic).

Fomos com tudo para o Paraná.

E jogamos bonito mesmo, pelo menos no primeiro tempo. A expectativa, que era mato, virou floresta. “Que time é esse que está jogando com nosso manto?” disseram num grupo. “Só estamos a 10 pontos do G4, dá para buscar”, falaram em outro. Depois do gol, uma única vontade: “acaba juiz, qual a necessidade de mais uma hora de acréscimos?”. Quando se tem amigos espirituosos, assistir ao jogo com o smartphone em mãos simula uma arquibancada muito divertida.

E assim, nossa torcida estava irreconhecível. Deixou a razão de lado e parecia fazer sentido se iludir, acreditar no místico, na alma e zica lavadas no último jogo na Toca do Leão. E o gol veio. E que golaço de Gedoz.

Fizemos um gol. De falta. Fora de casa. Sem levarmos nenhum antes.

Parecia que todas as improbabilidades se somaram e o milagre aconteceu, fortalecendo a hipótese do fim da má sorte.

Nunca comemore um gol do Vitória no início do jogo

Esta frase foi minha, a primeira das citadas aqui, e fui devidamente execrada pelos meus pares nos grupos de whatsapp. “Não é pessimismo, galera, é estatística”. E de fato tomamos a virada, como diziam os números (eles não mentem jamais). Só que a forma como ocorreu foi muito cruel com o coração dos torcedores, confirmando a fama de sofridos a que aludia o famigerado meme.

Em míseros cinco minutos de jogo levamos três gols. Um no final do primeiro tempo, que parecia se enquadrar no que estávamos habituados a levar, pois sempre há uma queda no desempenho antes do intervalo. Mas, no primeiro minuto da segunda fase da partida, sofremos mais um. O time costuma ficar apático após o adversário balançar as redes e o outro não demorou a vir. Exatamente um minuto depois.

Parece claro que algo no psicológico dos jogadores precisa ser trabalhado, pois já se tornou comum esse desalento que assola o time após sofrermos um tento. Sempre sentimos demais e, me desculpem trazer mais dados, mas é possível contar nos dedos as partidas em que nosso goleiro não foi buscar a bola no fundo da rede nesta Série B.

Só que nós, torcedores, não podemos nos abalar como eles. Primeiro, porque estaríamos fazendo o que criticamos nos jogadores. Segundo, porque eles precisam de nós.

Torcedores emocionalmente abalados apontando para jogadores emocionalmente abalados.
(Imagem: Reprodução)

Perder para o Londrina talvez já fosse esperado, se não fôssemos tomados pela ilusão da mudança de rumos. O time é bem estruturado e briga pelo topo da tabela. O que não poderíamos era não vencer o São Bento e o Cuiabá, jogando em casa. Talvez estes pontos jamais sejam recuperados e façam toda a diferença no final, de modo que não consigamos evitar o descenso. Sim, amigos rubro-negros, brigamos para não cair para a Série C. Esta é a dura realidade. O fato é que perder jogo fora de casa é ruim, mas não é o fim do mundo.

Precisamos, sim, garantir os pontos que disputamos em casa. Mudanças não ocorrem do dia para a noite, embora não tenhamos tanto tempo assim para esperar e isso nos deixe ansiosos. Não existe milagre, nem salvador da pátria. Existe trabalho árduo e dedicação, e não apenas os jogadores precisam cuidar do psicológico, mas nós também.

Para isso, temos que nos acalmar e continuar a fazer a nossa parte. Precisamos encher o Barradão para que, como no jogo do dilúvio, os jogadores saibam que nunca estarão sós, que não queremos ver um futebol que encha os olhos, mas esperamos raça e respeito a nossa centenária camisa. Precisamos encher o Barradão – e quiçá a Fonte, nossa casa de praia, –  porque precisamos de dinheiro também. O amor é lindo, mas não paga as contas. A situação do clube está ruim, mas com certeza ficará pior se nós, torcedores, o abandonarmos.

Não nos abalemos, o clube precisa de nós! Saudações rubro-negras!


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