Ao completar 29 anos de inaugurado, o Estádio Manoel Barradas, maior patrimônio do Esporte Clube Vitória desde a sua criação, ganhou um presente nada digno da sua história de tantas conquistas. Dito por muitos como o melhor e maior camisa 9 que já vestiu rubro-negro desde 1899, o Barradão, como é chamado pelos seus torcedores, recebeu a notícia em pleno “parabéns” que a partida que pode selar a classificação do clube à Série A vai ser na Arena Fonte Nova.
Nada contra jogar no moderno e confortável estádio do centro da cidade. Na Arena a localização é melhor, os arredores passam mais segurança e a acústica faz com que time tenha uma sobrevida dentro de campo. Até os próprios jogadores já falaram que gostam de atuar na praça esportiva que sediou jogos de Copa do Mundo e que na próxima terça vai receber um duelo das Eliminatórias Sul-Americanas.
Já não novidade para ninguém que a atual diretoria abraça a ideia de modernizar o time, nem que os próprios cartolas se incomodam com o fato que um patrimônio público esteja sendo benéfico apenas para o rival, que inicia o ano com milhões a mais na conta devido ao seu mando de campo se comparar com os cofres do Leão. Os torcedores, que primeiramente reclamavam de deixar o Santuário, começam também a se acostumar com a ideia. Acho importante modernizar o clube e abrir um novo leque de opções e renda para o clube.
Mas o Barradão merecia mesmo um presente desses em pleno aniversário? Nada demais, pelo menos para mim, levar a última partida para a Arena, só que eu acredito que a divulgação da notícia do pedido de mudança de mando de campo podia esperar um tempinho a mais. Em pleno “chegou a hora de apagar as velinhas” o Vitória decidiu sair da festa e ir para o salão de festas. Contraditório ao ponto de querer entender o que foi conversado para esta medida.
Certo, o Manoel Barradas não passa pelos seus melhores momentos. Foram diversas frustrações nele nos últimos anos. Esse poderia ser um dos motivos da diretoria, já que a mesma já se mostrou bastante supersticiosa, pois até padre foi benzer o estádio quando a presidência mudou. Acho até digno!
Chegar aos 29 anos não é para qualquer um. Mas assim como toda pessoa que passa da jovialidade para uma maior maturidade e responsabilidade, os caminhos nunca são só de flores. Em 29 anos vivemos alegrias, tristezas, euforias e até mesmo decepções, mas nunca deixamos de viver a vida antes de ela ser interrompida pela morte, que vem para todos.
Espero que esse “presente de grego” entregue ao maior patrimônio da equipe não seja uma dica do que vem para o futuro. É importante modernizar, criar novas perspectivas de renda, mas saliento que o Barradão não merecia isso. A sensação de torcedores como eu que vão ao estádio desde muito pequeno é a mesma de um aniversariante que não consegue acender a velinha em seu próprio aniversário: frustração. Frustração essa que acabou com a perspectiva de encerrar, e bem, um ano que só trouxe decepções e planejar assim um “Ra-tim-bum” melhor ano que vem, já que as velinhas nem chegaram a serem acesas.
Diante das recentes decepções no Barradão, nada mais justo que celebrar nosso acesso nele, fortalecendo o santuário e pondo novamente as coisas no devido lugar. O Vitória como time de Primeira e o Barradão como caldeirão, santuário e maior artilheiro do clube, trazendo novamente os torcedores que foram massacrados nos últimos anos para perto do clube.
Enfim, não concordo com a decisão da diretoria, contudo torço por dias melhores para nós rubro-negros e que esses dias sejam lá nosso santuário.
#BARRADÃO