Importante clube formador e revelador de talentos, o Esporte Clube Vitória sempre foi reconhecido pela sua fortíssima divisão de base, detentora de títulos nacionais e internacionais. Para isso, o clube precisou investir em uma estrutura que fosse proporcional ao sucesso. Em pouco menos de 20 anos – da construção do Barradão aos anos 2000 -, o clube aproveitou bastante as áreas que permitiam a expansão do seu patrimônio. Mas nos últimos dez anos esse ritmo recuou.

O complexo esportivo Benedito Dourado Luz, que já foi considerado um dos mais bem estruturados do nordeste, aos poucos perde o seu protagonismo. Ele integra a Chácara Vidigal Guimarães, que é a concentração do time profissional, a concentração de futebol amador Raimundo Rocha Pires, o estádio Manoel Barradas e o centro de treinamento Manoel Pontes Tanajura.

Complexo Benedito Dourado Luz visto de cima. Foto: Reprodução
Complexo Benedito Dourado Luz visto de cima

Com três campos de treino e o gramado do Barradão, o CT oferece uma estrutura interessante para os atletas. Carece de modernização, mas ainda é bastante elogiado por quem joga ou comanda a equipe. A academia, o centro de fisiologia e fisioterapia, departamento médico e os setores de inteligência dividem o mesmo prédio da administração, que também é o espaço dos vestiários, camarotes e cabines de imprensa do Estádio Manoel Barradas.

Em 2010 o SporTV fez um levantamento técnico na estrutura dos 20 clubes então na Série A do Brasileirão (assista abaixo). O Vitória ficou na triste 18ª posição, já que a diretoria da época não permitiu que a equipe da emissora avaliasse a concentração e o refeitório. Superou somente o Ceará e o Grêmio Prudente.

Trazendo para a realidade atual, é possível que aconteça uma inversão nessa lista. Desde a publicação do ranking, o Ceará investiu em reformas na estrutura do estádio Vovozão, que abriga o centro de treinamento do clube. Todos os setores foram modernizados, da academia aos quartos, passando pelo departamento médico. Toda a intervenção foi custeada por torcedores. O CT fica numa região central de Fortaleza, a 10 km do Castelão e 1,5 km do estádio Presidente Vargas.

Em 2013 a equipe alvinegra ainda investiu mais R$6 milhões na compra de um novo CT, situado na entrada da cidade de Fortaleza, a 30 minutos da sede oficial (25 km). A “Cidade do Vozão” conta com quatro campos, sendo três oficiais e um menor. Atualmente tem a sua estrutura inteiramente dedicada às divisões de base do clube.

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Times de Recife estão avançados em estrutura. Foto: Diário de Pernambuco

Outros que também estão bem servidos em patrimônio são os clubes de Recife. Sport, Náutico e Santa Cruz adquiriram áreas no entorno da capital pernambucana para desenvolver suas atividades. Juntos eles investiram quase R$ 20 milhões, segundo levantamento do Diário de Pernambuco.

Sport e Náutico investiram R$ 6 milhões cada na construção dos centros de treinamento José de Andrade Médicis, em Paratibe, e Wilson Campos, na Guabiraba, respectivamente. A estrutura do rubro-negro é de cinco campos oficiais em uma área de oito hectares. Fica a 33 minutos sem trânsito da Ilha do Retiro (26,4 km) e a 37 minutos (35,4 km) da Arena Pernambuco.

Já o CT alvirubro possui seis campos oficiais em área de 49 hectares. A diferença é que ele começou a ser concebido em 1999, enquanto o rival só deu o primeiro passo em 2008. Está a 25 minutos (10 km) da sede social do clube, nos Aflitos, e a 20 minutos (20 km) da Arena Pernambuco, onde o Náutico manda oficialmente os seus jogos.

O Santa Cruz é o único recifense que ainda não concluiu a sua estrutura de treinamento. Com investimentos de R$ 5 mihlões, o CT Rodolfo Aguiar, conhecido por “Ninho das Cobras”, terá três campos oficiais em uma área de 10 hectares. A construção estava emperrada por conta de falhas na gestão do clube, mas a obra já foi reiniciada. O Santa Cruz espera começar a usar pelo menos um dos campos já neste segundo semestre de 2015, uma vez que o gramado do estádio do Arruda sofre com os treinamentos semanais. O Ninho das Cobras fica a 20 minutos (11 km) do estádio tricolor.

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Mundão do Arruda conserva centro de convivência para torcedores. Foto: Reprodução/Blog do Santinha

Outro ponto interessante entre os times de Recife é que as suas sedes sociais permanecem ativas. Os sócios, por exemplo, contam com uma bacana estrutura para o lazer nos fins de semana. O Sport é o único que tem um projeto avançado para a construção de um novo estádio, no lugar da Ilha do Retiro. O clube tenta superar entraves com a prefeitura para dar continuidade ao projeto.

A grama do vizinho mais próximo também não poderia deixar de ser mais verde. Em meio ao ‘boom’ imobiliário em Salvador, o Bahia envolveu o CT Osório Villas Boas, o Fazendão, numa negociação com a construtora OAS, que por sua vez viabilizou a ‘Cidade Tricolor’, construída em Nova Dias D’ávila, cerca de 40 km (45 min) da sede atual e 60 km (1h) da Arena Fonte Nova.

A estrutura oferece quatro campos e área para a construção de outros dois em dimensões oficiais e mais dois menores, além de modernas instalações para todos os setores. Após alguns equívocos, a gestão do tricolor baiano voltou atrás do acerto e conseguiu a posse das duas propriedades. Entenda. A intenção da diretoria é liberar o espaço para as divisões de base.

Enquanto isso o Vitória, outrora protagonista, caminha timidamente à expansão. Desistente do projeto de uma arena multiuso projetada pelo ex-presidente Paulo Carneiro, o clube vive de pequenos reparos em sua estrutura atual. Em 2013 deu uma repaginada em sua concentração de profissionais, e graças a uma parceria com o governo do Estado o Leão também amplia o CT na área do estacionamento do Barradão, com a construção de mais um campo, quadras, vestiários e academias, tudo voltado para as divisões de base.

Projeto de expansão do Complexo Benedito Dourado Luz previa mais seis campos e área para esportes olímpicos onde hoje existe o estacionamento.
Projeto de expansão do Complexo Benedito Dourado Luz na gestão anterior previa mais seis campos e área para esportes olímpicos onde hoje existe o estacionamento.

Há quem diga que CT não ganha jogo. Talvez essa seja uma grande verdade entre os mais apaixonados torcedores, que clamam todos os anos por jogadores de ponta que resolvam os jogos. Mas os especialistas discordam. Um bom exemplo é o Atlético-MG, que teve a sua estrutura como vencedora no ranking do SporTV em 2010 e três anos depois já iniciava a caminhada que culminou no título da Libertadores de 2013 e da Copa do Brasil de 2014.

Cruzeiro e São Paulo, que também figuram os primeiros lugares na lista, também possuem conquistas marcantes nos últimos anos. E até quem foi mal avaliado conseguiu superação, como no caso do Corinthians, campeão brasileiro em 2011 e da Libertadores e mundial em 2012.

Toda a magia do futebol que tanto impressiona o mundo pode ser resumida em um só momento: o gol. Mas no caminho entre o instante que a bola deixa o atleta até o momento em que ela balança as redes, diversos fatores são decisivos, principalmente a preparação e o bem estar deste atleta. Em tempos onde se planejam camarotes modernos em estruturas atrasadas, uma boa reflexão sobre o todo é de boa valia. Que assim seja.


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5 COMMENTS

  1. Se antes tínhamos um visionário na liderança (que nunca mais volte) hoje temos cegos que não conseguem antecipar os acontecimentos mais simples, falta não somente visão mas também culhão.

    Nós perdemos a maré da copa, poderíamos ser os donos do estádio da copa, naquela localização central, nos moldes do negocio que o palmeiras fez para ter sua arena, o complexo do barradão deve valer uns 75milhoes na permuta. Construiríamos não somente um estádio mas o principal centro de convenções/hotel e ginásio da cidade.

    Não sobrou nada. quem vai investir num novo estádio na cidade se temos um concorrente e subsidiado por 30 anos pelo governo estadual.

  2. O terreno do aterro em frente ao Barradão poderia ser arrendado gratuitamente e receber 4 campos de treinamento da base.
    Existe tecnologia para que bombeia os gases do solo. Até mesmo o metano produzido pelo solo pode ser aproveitado gerando energia.e aproveita esse tipo de terreno já que não pode receber edificações pesadas.
    Vestiários e poucas salas podem ser construidos em containers, uma estrutura moderna e leve.

  3. É preciso se admitir que pelo o menos desde 2010 o Vitória deixou de planejar. A rotatividade no time profissional de jogadores que não assinam mais de 1 ano de contrato até a da própria diretoria demostra isso: um time que vive uma crise de identidade, que sequer sabe quem é agora e o que fará para o futuro. O Vitória costumava investir em estrutura e se orgulhar disso para construir um time que no futuro pudesse ser um time grande, vencedor. O futuro chegou e o Vitória se acomodou na mão de ratos de gravata que desistiram e já não são mais sinceros quando falam em transformar o Vitória. Não somente o campo, mas os planos de sócio, a interação com a torcida e a própria política no time é um reflexo de arcaísmo típico de um time na mão de aristocratas. Sinceramente, o Vitória de 2015 é um Vitória que não promete nada pro seu torcedor, se for assim, certamente tenderemos a desaparecer do mapa futebolístico no Brasil, desaparecendo no presente como times realmente competitivos, ou no futuro como promessas de times planejados para crescer.

  4. Caros Rubro Negros,
    Esta é mais uma demonstração cabal do quanto as mentiras egocêntricas da eminencia parda Alex e seus aloprados alardeavam serem “excelentes gestores”, pois, receberam um patrimônio moderno na época e não tiveram competência para mantê-lo ou moderniza-lo para os padrões atuais, pior, temos os atuais gestores remanescentes com características menos qualificadas ainda, diante disso, nossos ativos patrimoniais estão deteriorando e, consequentemente, desvalorizado!

  5. Reflitam, nos quatro últimos anos da funesta era alex, todos os anos foram contratados dezenas de jogadores considerados e comprovados como refugos, média 40 por ano, os quais, após comprovarem serem sem qualidade e inservíveis para os padrões minimamente adequados para competirem na serie A, no ano imediatamente seguinte eram desligados do clube através de destratos totalmente desvantajosos para o ECV!!! Porque isto foi uma politica sistemática??? Quem ganhou com esta politica “pé no chão??? Quem com esta politica tacanha insistiu, gerou perdas e vergonhas gigantescas para o clube / torcida???